A verdadeira historia de glauco horowitz teatro popular de arte


A verdadeira historia de glauco horowitz teatro popular de arte

A Patética abre as comemorações dos 30 anos da cia Teatro Popular de Arte, em Petrolina. 

Uma notícia especial vale sempre à pena. 30 anos do grupo Teatro Popular de Arte será comemorado em agosto e setembro em Petrolina

Com 30 anos de história, diversos prêmios no currículo, vista por aproximadamente 200 mil pessoas em Petrolina, Juazeiro e mais 30 cidades de três estados do Nordeste, a cena do grupoTeatro Popular de Arte(TPA), do município de Petrolina, tem sido caracterizada por diversas vertentes da dramaturgia brasileira e mundial. A equipe já levou aos palcos o despojamento, o folclórico, a linguagem desabrida e gostosa das farsas de Ariano Suassuna; o universo onírico do teatro infantil; a viagem expressionista e ritualística das peças míticas de Nelson Rodrigues; o realismo duro, combativo, humano e paradoxalmente encantador das favelas de Gianfrancesco Guarnieri e seus anti-heróis.

Prosseguiu seu trabalho com a espetacular pesquisa histórica e universal de Dias Gomes e sua comparação das desumanas e cruéis violações dos Direitos Humanos, desde a Inquisição da Igreja até às formas inquisitoriais modernas praticadas pelos regimes ditatoriais. Essa etapa culminou com a montagem do texto de João Ribeiro Chaves Netto que resgata a reflexão e o debate sobre a história do jornalista Vladimir Herzog e as circunstâncias de sua morte nos porões da ditadura militar no Brasil, na São Paulo de 1975.Em 2018, o TPA montou seu primeiro texto estrangeiro,trazendo para a cena um dos textos mais famosos deEugèneIonesco, considerado um dos ícones mundiais do movimento denominado Teatro do Absurdo.

Em 2019, nos meses de agosto e setembro, a partir deste final de semana, o TPA celebra 30 anos de trajetória apresentando nada menos que sete diferentes espetáculos do seu repertório (algo raro não só na cena pernambucana, mas em todo o país), das mais diferentes vertentes teatrais, sempre no Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina, com ingressos a R$ 20 e R$ 10. Confira a seguir:

PROGRAMAÇÃO COMEMORATIVA DOS 30 ANOS DO TPA

A Verdadeira História de Glauco Horowitz – Patética!

Dias 03 e 04/08/2019, às 20h, no Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina

A peça tem como objeto de reflexão as circunstâncias do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, após sessão de tortura nas dependências do DOI-CODI de São Paulo. Foi escrita um ano depois por seu cunhado e também dramaturgo João Ribeiro Chaves Netto. Além de se constituir numa peça de denúncia da tortura no Brasil e dialogar com questões estéticas da dramaturgia contemporânea, teve trajetória acidentada durante a ditadura militar: o texto foi premiado, teve a premiação suspensa, foi confiscado, depois vetado.

Utilizando-se de recursos metafóricos e flashbacks, onde os fatos e tempos se perpassam, o espetáculo retrata a história do Jornalista Vladimir Herzog, desde a chegada da família, de origem judaica, que fugiu da Iugoslávia na primeira metade do século XX, para livrar-se da perseguição nazista na Europa, até sua morte nos porões da ditadura militar no Brasil. Relata as mentiras forjadas para encobrir as responsabilidades dos seus algozes, caso bárbaro que teve a maior repercussão junto à sociedade civil brasileira, em seus mais diversos segmentos, impulsionando a luta pela redemocratização do nosso país. Vladimir Herzog transformou-se em um dos mais potentes e significativos símbolos contra a ditadura civil-militar brasileira: sua morte foi determinante para o início do desmoronamento dos militares no poder e a restauração da Democracia no Brasil.

Texto: João Ribeiro Chaves Netto. Direção: Domingos Soares.

Elenco: Severo Filho, Auxiliadora Araújo, Paulo Henrique Reis, Lusiana Marcos e Adailton Matias.Equipe técnica: Claudemir Feitosa, Jéssica Lima, Laiane Maciel e Márcia Galvão.

A verdadeira historia de glauco horowitz teatro popular de arte

Dias 10 e 11/08/2019, às 17h, no Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina

Retratando o universo onírico através do teatro infantil, o Teatro Popular de Arte encenou três espetáculos, dentre eles, A Revolta dos Brinquedos, de Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga.A peça mostra o cotidiano de uma menina que se sente solitária e irritada por sua criação em uma família moderna, igual a tantas outras, marcada pela ausência dos pais, envolvidos em sua busca diária pelo sustento da família, pelo sucesso pessoal e profissional. A garota, então, extravasa a sua irritação, maltratando e quebrando seus brinquedos.

Em um sonho da menina, os brinquedos ganham vida e se revoltam contra os maus tratos praticados pela sua dona e resolvem julgá-la e castigá-la. A peça chama a atenção para problemas como preconceito e desigualdade social, além de reforçar a importância da amizade e do respeito ao outro, em um divertido manifesto contra a violência e a solidão.

Texto: Pernambuco de Oliveira e Pedro Veiga. Direção: Domingos Soares.

Elenco: Martina Alves, Severo Filho, Lusiana Marcos, Adailton Matias, Laiane Maciel, Joedson Silva, Claudemir Feitosa, Rita Alves e Yana Diniz.Equipe técnica: Jéssica Lima eSheyla Costa.


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Dias 10 e 11/08/2019, às 20h, no Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina

A peça é dividida em três atos, cada um deles conta uma estória, com uma junção e interligação entre elas. O primeiro ato é denominado A Inconveniência de Ter Coragem, onde os atores representam bonecos do mamulengo nordestino; O segundo ato trata do Caso do Novilho Furtado, em que os atores representam um misto de bonecos e gente de farsa; O terceiro ato é chamado de Auto da Virtude da Esperança, em que os atores representam como gente, mais despojados dos trejeitos grosseiros dos atos anteriores. Em A Pena e a Lei, os diálogos e situações detonam gargalhadas e, por vezes, despertam compaixão, num misto de arte popular e arte erudita, aspectos quase sempre inconciliáveis em outros autores.

O sertão nordestino seco e árido (mundo mítico do autor) é transformado no palco em um microcosmo da espécie humana, onde se expõem e contrapõem suas virtudes e viciosidades. Como nas outras obras do autor, vê-se claramente uma contraposição entre o sagrado e o profano, o real e o imaginário, o popular e o erudito, o local e o universal, o cômico e o trágico -trágico no sentido de mostrar o quanto somos seres frágeis, destinados ao irremediável. Há na peça uma visão cristã da vida, calcada numa fé simples e que nos aproxima de uma religiosidade doce e agradável, transformando a dor em esperança; e esta, em paradigma da condição humana.

Texto: Ariano Suassuna. Direção: Domingos Soares.

Elenco: Domingos Soares, Francine Monteiro, Godoberto Reis, Claudemir Feitosa, Adailton Matias, Paulo Henrique Reis, Rodolfo Maniçoba, Iago Setúbal, Severo Filho e Daniel Ribeiro.Equipe técnica: Lusiana Marcos e Nilberto Campos

A verdadeira historia de glauco horowitz teatro popular de arte

Dias 17 e 18/08/2019, às 20h, no Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina

A Cantora Careca, de EugèneIonesco, cuja estreia ocorreu em 11 de maio de 1950 no teatro francês ThéâtredesNoctambules, é uma das mais conhecidas obras do Teatro do Absurdo. Quando da sua estreia, a reação do público causou surpresa a Ionesco, pois o público pôs-se a rir do que ele mesmo considerava como “Tragédia da linguagem e da condição humana”, ou seja, uma anticomédia.A obra pode ser entendida como uma caricatura da sociedade moderna, e atinge com a mesma força a sociedade contemporânea, marcada por paradoxos e discursos vazios. Como caricatura, pode nos levar a rir, frente aos absurdos das inter-relações humanas. E foi para propor uma reflexão sobre tais questões que o grupo decidiu trazê-la à cena da região, em setembro de 2018.

 “O vazio dos diálogos, as formalidades sem sentido, as futilidades, as contradições, a falta de personalidade dos personagens, os clichês e a mecanização do corpo humano, tanto em frases que se repetem, como em gestos e reações automáticas” presentificam-se em nosso cotidiano. Para não chorarmos, somos obrigados a rir daquilo que parece um espelho da nossa sociedade.

Texto:EugèneIonesco. Direção: Paulo Henrique Reis.

Elenco: Márcia Galvão, Paulo Henrique Reis, Martina Alves, Lusiana Marcos, Severo Filho e Godoberto Reis.Equipe técnica: Adailton Matias, Claudemir Feitosa e Jéssica Lima.

A verdadeira historia de glauco horowitz teatro popular de arte

Dias 07 e 08/09/2019, às 20h, no Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina

O Santo Inquérito, pelo Teatro Popular de Arte, faz parte da convicção de que se a censura ideológica das manifestações artísticas é ilegal e ilegítima. É a noção de um teatro engajado, na busca de uma consciência social e política, na prática de uma arte autêntica e séria.A encenação do TPA amplia a proposta original de Dias Gomes, acentuando o metafórico-simbólico, explicitando de forma mais contundente as intenções interpostas nas entrelinhas... Paralelo e (in)dependente da história/lenda de Branca Dias se desenrola o painel comparativo, com múltiplas validades, onde está implícita e simbolicamente visível a presença dos regimes opressores.

Pesquisadores afirmam que Branca Dias realmente existiu e foi vítima da Inquisição. A verdade histórica em si não importa, o que importa é a verdade humana e as comparações que dela possamos tirar. A verdade é que ao instaurar a Inquisição, a Igreja, na época, produziu em sua defesa um discurso totalitário e intolerante. O inquisidor era extremamente fiel a sua missão de combate às heresias e “defesa da fé”, assim como na repressão e tortura dos regimes militares latino-americanos prevalecia a ideologia da “segurança nacional”, da mesma forma as câmeras de gás e a “limpeza genética” perpetradas pelo nazifascismo. 

Texto: Dias Gomes. Direção: Domingos Soares.

Elenco: Lusiana Marcos, Domingos Soares, Adailton Matias, Severo Filho, Paulo Henrique Reis, Claudemir Feitosa, Aparecido Souza, Godoberto Reis, Fabrício Nascimento, Daniel Ribeiro, Edicleison Grande, Iago Setúbal, Pedro Santos e Vinícius Torres.Equipe técnica: Jéssica Lima e Sheila Gomes.

A verdadeira historia de glauco horowitz teatro popular de arte

Dias 14 e 15/09/2019, às 20h, no Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina

Para retratar o tema da avareza humana, Ariano Suassuna bebeu em outras fontes do teatro universal, como O Avarento, de Molière e Aululária, de Plauto, permeando a trama de saboroso Nordeste, com seus personagens e tipos puramente brasileiros, construindo cenas e diálogos dos mais cômicos da dramaturgia nacional. O Santo é Santo Antônio e a Porca é uma porca de madeira onde o velho avarento esconde suas economias. Ariano diz que O Santo e a Porca representa a traição que a vida, de uma forma ou de outra, termina fazendo a todos nos. A vida é traição, uma traição contínua. Traição nossa a Deus e aos seres que mais amamos. Traição dos acontecimentos a nós, dentro do absurdo de nossa condição humana.

É desta traição que Euricão subitamente se apercebe ao entender que se deixara levar pela idolatria do dinheiro, da segurança, do poder, do mundo, é esta visão perturbadora e terrível que lhe aponta os homens como escravos, isto é, como eles próprios se veriam a cada instante, não fossem as preocupações, a cegueira voluntária e involuntária, as distrações, a covardia, tudo enfim que nos ajuda e ir “levando a vida” enquanto a morte não chega e que faz da aventura de viver um aglomerado suportável de cotidiano.

Texto: Ariano Suassuna. Direção: Domingos Soares.

Elenco: Domingos Soares, Francine Monteiro, Paulo Henrique Reis, Lusiana Marcos, Severo Filho, Márcia Galvão/Auxiliadora Araújo e Godoberto Reis.Equipe técnica: Adailton Matias e Claudemir Feitosa.

A verdadeira historia de glauco horowitz teatro popular de arte

Dias 21 e 22/09/2019, às 20h, no Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina

A peça é considerada a obra-prima da dramaturgia de Ariano Suassuna e tida como um dos textos mais populares do moderno teatro brasileiro.Baseada em romances e histórias populares do Nordeste, sobretudo no folheto de cordel As Proezas de João Grilo, que são mostradas em toda a peça, o Auto da Compadecida possui um parentesco com gêneros mais antigos de outras épocas e regiões. A forma e o desenvolvimento da ação lhe aproxima dos autos de Gil Vicente e da Comédia Dell’arte italiana. Quanto ao tema, pode ser enquadrada na tradição das peças da Alta Idade Média (século XIV), em que, numa história mais ou menos – e às vezes muito – profana, o herói em dificuldades apela para Nossa Senhora, que comparece e o salva, tanto no plano espiritual como temporal.

Embora tenha essa aproximação com formas e temáticas dos grandes gêneros da história do teatro, a ambientação, estruturação e concepção das personagens (figuras lendárias da literatura popular nordestina e tipos puramente brasileiros), conferem-lhe o timbre de autenticidade, tornando-a inédita, nova e absolutamente original.Unindo o popular ao erudito, o regional ao universal e compondo um quadro de contundente crítica social, política, moral e, sobretudo, religiosa, a genialidade do grande ficcionista Ariano Suassuna conseguiu criar um diálogo eminentemente vivo e saborosamente cômico, colorido e descritivo, popular e paradoxalmente literário.

Texto: Ariano Suassuna. Direção: Domingos Soares.

Elenco: Paulo Henrique Reis, Severo Filho, Domingos Soares, Aparecido Souza, Adailton Matias, Claudemir Feitosa, Lusiana Marcos, Daniel Ribeiro, Rodolfo Maniçoba, Iago Setúbal, Nilberto Campos, Godoberto Reis e Márcia Galvão.Equipe técnica: Jéssica Lima, Auxiliadora Araújo e Sheyla Costa.

LOCAL: Teatro Dona Amélia – Sesc Petrolina (Rua Dr. Pacífico da Luz, nº 618 – Centro de Petrolina. Fone: (87) 3866-7474)

INGRESSOS: R$ 20,00 – inteira; R$ 10,00 – meia

Paulo Henrique Reis de Melo – (87) 98821-3497;

Domingos Soares – (81) 98699-5239;

Severo Filho – (87) 99192-5805;

Godoberto Reis – (87) 99958-2900.