A quem se destina a educação popular

A quem se destina a educação popular

Menu × Menu AV2 Educação Popular prova Pergunta 1 0,6 O popular está associado ao povo, às maiorias desassistidas e marginalizadas. Assim, os princípios teóricos que orientam as práticas de educação popular encontram na realidade do povo o ponto de partida para a teoria. Sendo assim, considere a alternativa correta. Ocultar opções de resposta O educador facilita a aprendizagem para os oprimidos Significa o direito que os sujeitos têm de dizer a sua palavra, de pronunciar o seu mundo de maneira exclusiva O povo é oprimido aquele que vive sem condições elementares para o exercício da cidadania A compreensão da realidade forma mecanismos de ações impostas entre educandos e aprendizes O educador precisa aprender sobre o contexto dos educandos, e a inserção na cultura da comunidade possibilita compreender as experiências vivenciadas por esses sujeitos, o que resulta na formação do seu lugar social Resposta correta Pergunta 2 0 Todo educador é popular, uma vez que toda ação educacional se dirige às camadas sociais, buscando a preservação ou a transformação de projetos de nação. De fato, a educação não tem finalidade em si mesma, pois ela é sempre meio para a formulação, implantação e implementação de projetos sociais. Diante do exposto podemos considerar que o professor que se destina a experiência da Educação popular é: Ocultar opções de resposta Ação educacional se dirige às camadas sociais, mas isso nada interfere na prática e perfil que o educador precisar munir-se. É um sujeito com saberes específicos, ou seja, distintos dos saberes dos alunos, sem que isso signifique atribuir aos saberes dos educadores maiores ou menor valor. Resposta correta O educador popular se constitui em um transmissor de informações descontextualizadas da realidade dos sujeitos. Incorreta: Capacitador de aprendizagens e associa o educador ao papel de transmissor do conhecimento. Educador é um sujeito dispensável ao diálogo, pois o estudante aprende em qualquer lugar sem precisar de professor, inclusive na educação popular. Pergunta 3 0,6 Constitui uma condição para a melhoria da qualidade do ensino e superar a clássica fragmentação dos saberes e áreas do conhecimento é uma proposta de: Ocultar opções de resposta Trabalho com Projetos multidisciplinares. Resposta correta Disciplinar estabelece um diálogo entre os conteúdos. Avaliação disciplinar utilizada com os alunos para que construam seus conhecimentos divergindo das áreas da aprendizagem. Roda de diálogo, pois, não possibilita que os alunos adquiram os saberes fundamentais que os preparem para a nova realidade social e para o mercado de trabalho. Defende a prática de projetos, mas sabendo que eles não permitem uma inter-relação entre as disciplinas do currículo escola. Pergunta 4 0,6 “A educação popular exige reconhecer o potencial dialógico dos sujeitos envolvidos no processo de produção do conhecimento, cujos princípios éticos devem se sustentar na relação de reconhecimento e de respeito aos diferentes saberes”. No que entendemos sobre a metodologia e a Educação Popular, concluirmos que: Ocultar opções de resposta Quando pensamos em formação do sujeito, lembramos que o cerne da educação direcionada às classes populares reside na possibilidade de fomentar experiências educativas que formem pessoas críticas e participativas na sociedade. Resposta correta É uma proposta de educação para potencializar e tornar absolutamente eficaz os saberes dos educandos. A educação popular compreende que cada pessoa deve sair abslutamente da sua realidade com valores e referências que correspondem aos saberes de sua comunidade universal. Utiliza os saberes dos educandos e da comunidade; mas, não incentiva o diálogo e visa à formação de sujeitos com conhecimento e consciência cidadã, valorizando sua afirmação. A educação popular é uma prática educativa participativa, porém seu objetivo não consiste em ser comprometida com a realização dos direitos do povo. Pergunta 5 0,6 Diante das transformações que vêm ocorrendo na sociedade moderna, a concepção de escola e sua função social precisam ser revistas e repensadas, pois a educação autoritária, compartimentada, com currículo fragmentado e distanciado das transformações sociais e da vida e cultura dos alunos e na qual o sujeito educando não tem autonomia e participação na construção de seus saberes está perdendo seu significado. Esse modelo de escola vem sendo questionado, o que leva à necessidade de mudança de paradigmas voltados para: Ocultar opções de resposta A educação brasileira não precisa mudar, e ninguém discorda dessa afirmação. No mundo contemporâneo, a escola não pode ser considerada um lugar importante. As escolas devem ser capazes de fazer a autocrítica de suas práticas e deixar a cultura local invadir o pátio e salas de aula para que não fiquem congeladas numa postura autoritária. Resposta correta Provas, reprovação, repetência e submissão são fundamentais para uma objetividade na educação contemporânea. Ensino-aprendizagem que indivíduos sejam ensinados de forma eficaz frente a essa nova sociedade. Pergunta 6 0,6 A forma como cada pessoa se apropria criticamente dos fatos contidos na história é diferente e vai depender do nível de conhecimento em que o sujeito se encontra e da forma como cada sujeito se conhece. Marque apenas a alternativa que possui as ideias centrais dessa nova episteme na contemporaneidade. Ocultar opções de resposta A ideia de libertação por meio apenas da filosofia reflexiva, que pressupõe a mobilização da consciência que conduza à desnaturalização das formas canônicas de aprender–construir–ser no mundo. Uma concepção de comunidade e de participação, além do saber popular, como formas de constituição e, ao mesmo tempo, produto de uma episteme de relação. Resposta correta Não se faz necessário no momento atual a revisão de métodos, as contribuições e as transformações provocadas por eles. Um caminho no qual educadores tomam uma postura não respeitosa e sugerem formas de participação e de colaboração. A perspectiva da dependência e não da resistência trazendo a conformidade entre minorias e maiorias e os modos alternativos de fazer/conhecer. Pergunta 7 0,6 Método científico é o conjunto das normas básicas que devem ser seguidas para a produção de conhecimentos que têm o rigor da ciência, ou seja, é um método usado para a pesquisa e comprovação de um determinado conteúdo. O método se configura em: Ocultar opções de resposta uma forma de comprovar a verdade absoluta um trabalho sem muitas preocupações um trabalho sistemático na busca de respostas às questões estudadas Resposta correta algumas teses construídas pelo ceticismo única e exclusiva ferramenta do pesquisador Pergunta 8 0,6 Podemos afirmar que o método científico é um trabalho sistemático na busca de respostas às questões estudadas, é o caminho que se deve seguir para levar à formulação de uma teoria científica. Desse modo, sobre o assunto, podemos afirmar, exceto: Ocultar opções de resposta trabalho cuidadoso, que segue um caminho sistemático, sendo a ferramenta do pesquisador. é uma forma de comprovar a veracidade de algumas teses desacreditadas pelo ceticismo. metodologia parte da observação sistemática de fatos explica e prevê um conjunto de ocorrências provenientes da aplicação de suas teses. envolve um fato isolado para compreensão adequada dos fenômenos inquestionáveis. Resposta correta Pergunta 9 0 Na contemporaneidade é sabido que o projeto multidisciplinar constitui uma condição para a melhoria da qualidade do ensino, pois supera a clássica fragmentação existente entre as disciplinas e contribui para a formação global do educando. A partir desse contexto o professor deve: Ocultar opções de resposta Define os projetos de trabalho como uma metodologia pronta e eficaz. Incorreta: Deve possibilitar a análise crítica, mas desconsiderar os valores sociais. Precisa mudar sua postura frente à classe, ou seja, ele deve proporcionar

A quem se destina a educação popular
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A Educação Popular é definida como uma filosofia da educação, uma pedagogia, uma práxis e também um campo de saberes e práticas. Ela tem origem em movimentos sociais que insurgiram na América Latina contra os processos de colonização e os governos autoritários na segunda metade do século 20. No Brasil, a maior referência teórica dessa pedagogia é Paulo Freire, que elabora uma crítica ao que ele denominou ‘educação bancária’, uma forma de educação que pressupõe que alguns detêm o saber e outros não; que os professores, os que sabem, devem transferir conteúdos aos alunos, os desprovidos de saber. Para Paulo Freire, a educação bancária reproduz estratégias de opressão e dominação, de uma classe social sobre outra, da elite sobre os trabalhadores, transformam os humanos em “seres para outro” e não para si.

Na contramão da educação bancária, Paulo Freire apresenta a pedagogia do oprimido como uma prática dialógica que problematiza e desvela a realidade, aquilo que é ocultado nas relações de poder e também aquilo que é naturalizado, como a desigualdade social, o patriarcado, o racismo, a misoginia e a dominação de classe. Essa naturalização da realidade passa pelas estratégias de colonização, opressão, doutrinação, mercantilização da vida e medicalização da saúde próprias do capitalismo e do neoliberalismo. A educação popular é um levante contra tudo isso, é uma pedagogia da indignação.

Diferente da educação bancária, que adapta e ajusta o ser humano à ordem social capitalista, a educação popular compreende que o ser humano é uma construção histórica e por isso pode se reinventar. E, como toda prática social, a educação é um ato político que tem relação com a construção do mundo e da existência humana. Nesse sentido, é uma pedagogia libertadora.

Qual o lugar da Educação Popular no Sistema Único de Saúde (SUS)?

A Educação Popular é muito importante para o SUS. Na verdade, alguns movimentos de Educação Popular, como o Movimento Popular de Saúde, o MOP, surgiram no contexto de implantação  de serviços comunitários de saúde, participaram da luta pelo direito à saúde e se alinharam- ao movimento de reforma sanitária e de construção do SUS. Articulada aos movimentos de base, a Educação Popular foi e é muito importante no processo de conquista do direito à saúde.

No final dos anos de 1990, surgiu a Rede Nacional de Educação Popular e Saúde, a RedePop, depois, foi criado o Grupo Temático de Educação Popular em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Em 2003, foi criada a Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde, a Aneps e, em 2005, a Articulação Nacional de Extensão Popular, a Anepop. Até que, em 2013, a educação popular foi institucionalizada como uma política nacional, a PNEPS-SUS. A partir daí, ganhou força, foi semeada por projetos e iniciativas que se desdobraram da política, como foi o EdpopSUS, o Curso de Aperfeiçoamento em Educação Popular em Saúde, coordenado pela Escola Politécnica, que formou mais de 11 mil trabalhadores em 15 estados brasileiros. Houve ainda outras iniciativas , todas com base nos princípios estabelecidos na política: diálogo, problematização, participação, construção compartilhada de conhecimento, construção de um projeto popular e democrático para a saúde, amorosidade e emancipação humana.

A educação popular acontece na relação dos serviços com a população, principalmente na Atenção Básica, nos territórios cobertos pela Estratégia Saúde da Família e, especialmente, pelos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Vigilância em Saúde que atuam junto à população e fazem a mediação entre os saberes técnico-científicos da saúde e os saberes e práticas populares. Os agentes de saúde são importantes educadores e cuidadores, são trabalhadores e trabalhadoras que colaboram muito com a construção de um modelo de atenção com base na realidade e nos modos de vida das pessoas e comunidades.

O lugar da Educação Popular no SUS é um lugar estratégico, porque valoriza as experiências de vida, de trabalho, de luta e de resistência como fontes de aprendizagem e saber; reconhece a cultura, a arte, a espiritualidade e os saberes populares como dimensões fundamentais para a construção do vínculo comunitário e para a produção do cuidado. Além disso, a educação popular reforça a indissociabilidade entre educar e cuidar, atos que devem estar comprometidos com a formação humana e com a construção de um mundo livre da opressão.

Quais ações de Educação Popular estão sendo ou podem ser realizadas no contexto da pandemia?

Muitas coisas estão acontecendo. Em função da pandemia, nós, trabalhadores da saúde, tivemos que incorporar nos nossos afazeres ações de enfrentamento do Covid-19. Nosso compromisso com a saúde pública é muito grande. Ter que enfrentar essa pandemia no momento em que o SUS tem sido desmantelado e reduzido, os trabalhadores cada vez mais precarizados, os movimentos sociais atacados e as políticas dirigidas à lógica privada e liberal, é muito difícil. Mas como nosso verbo é o “esperançar”, a gente investe na possibilidade de uma virada, de um despertar da participação popular e democrática diante dessa crise sanitária, política e humanitária.

Precisamos considerar que a prevenção do Covid-19 passa, hoje, por medidas de higiene, pelo isolamento e o distanciamento social - e sabemos a dificuldade que isso representa para as classes populares, para os trabalhadores precarizados, para os que não têm proteção social, principalmente, para os que vivem em extrema pobreza. Então, a Educação Popular é importante porque reconhece as condições de vida, atua a partir da realidade e promove e organiza redes de apoio social que, neste momento, são fundamentais.

Os coletivos de Educação Popular e Saúde continuam investindo em ações que possam ampliar o diálogo entre os trabalhadores da saúde e a população, nas comunidades, nos diferentes territórios, ouvindo as pessoas e problematizando questões, como: O que representa a pandemia? O que os estudos e as experiências dizem? Quais medidas estão sendo tomadas pelos governos? Quais medidas podemos tomar diante do risco de adoecer e morrer? Como podemos nos cuidar? Como podemos cuidar do território?

No âmbito dos projetos, articulações e movimentos nacionais, foram intensificadas as reuniões e as atividades mediadas por tecnologias de comunicação. O GT da Abrasco, além das reuniões onde compartilhamos nossas ações e buscamos conjugar outras, promoveu recentemente um painel temático “Educação Popular em Saúde e a Pandemia”. A Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular em Saúde, a Aneps, em conjunto com a Rede de Educação Popular em Saúde, a Redepop, o Movimento Popular de Saúde, o MOPS, e a rede de Práticas Integrativas e Complementares iniciaram encontros de troca de experiências entre agentes de saúde e outros profissionais da Atenção Básica sobre suas ações educativas no território. A partir desses encontros, surgiu o movimento ‘O SUS nas ruas’. Desse movimento, se desdobrou a proposta de um curso de Educação Popular em Saúde para abordar o trabalho dos agentes de saúde e lideranças comunitárias durante o enfrentamento da pandemia.

A também professora-pesquisadora da EPSJV, Vera Joana Bornstein, está participando da construção desse curso e também, pela escola e pela Aneps, da organização do Encontro Internacional de Educação Popular e Cidadania. Esse encontro aconteceria agora, em junho de 2020, no Rio de Janeiro, e foi adiado, mas passou a organizar um painel virtual chamado “Diálogos”, abrangendo reflexões sobre o contexto atual. Quer dizer, a Escola Politécnica tem atuado junto aos coletivos de Educação Popular e colaborado com essas iniciativas.

Enfim, são pesquisadores, professores, educadores, trabalhadores da Atenção Básica, de escolas técnicas, muita gente comprometida com a compreensão do que está acontecendo e com o fortalecimento da participação popular na gestão da vida coletiva e comunitária. Sabemos que muitos agentes de saúde são hoje educadores populares formados pelo EdPopSUS e acreditamos que isso faz diferença na produção do cuidado. A Educação Popular valoriza a arte e as práticas integrativas e populares de cuidado, que, neste momento, são de grande relevância. Estamos percebendo que não vivemos sem cultura e que a arte é uma via de bem-estar. E também estamos aprendendo que a saúde mental tem a ver com o modo como organizamos a vida. O capitalismo é adoecedor.

Quais os desafios da Educação Popular no enfrentamento da pandemia e no pós-pandemia?

São muitos os desafios, e não só da Educação Popular, mas de todos que se comprometem com o direito à saúde e à vida. O mais imediato é conseguir resistir a toda a necropolítica que está sendo imposta pelos governos, diminuir os danos da pandemia, fortalecer as redes de apoio para que as populações vulneráveis consigam o mínimo das condições necessárias para sobreviver, principalmente nas favelas, periferias e territórios indígenas. E também organizar os trabalhadores para lutarem por seus direitos, incluindo o direito urgente aos equipamentos de proteção para os trabalhadores da saúde que estão morrendo em função do trabalho. É um absurdo a precarização do trabalho e da vida em nome da economia.

De forma permanente, temos o desafio do diálogo. O negacionismo e o obscurantismo dificultam o diálogo, quando não o negam, por isso, nos desafiam a insistir no diálogo como possibilidade de transformação do mundo, por ser um caminho democrático. Para isso, precisamos estar dispostos a ouvir e interpretar as classes populares, como observava Victor Valla. Compreender a construção do conservadorismo, por exemplo, é um passo importante para poder problematizá-lo. As experiências de Educação Popular mostram a potência do diálogo no questionamento do mundo como algo dado e também na construção de outras formas de sociabilidade que passam por relações de solidariedade e empatia.

É preciso também articular os movimentos e iniciativas que estão surgindo durante a pandemia. Isso será muito importante na passagem para o que vem sendo chamado de um novo “normal”; e que não podemos aceitar como “normal”, porque o mundo que queremos, e pelo qual precisamos lutar, não é um mundo em que alguns podem morrer em nome da economia, porque é exatamente o modelo econômico capitalista que tem nos desumanizado e nos destruído.

O desafio é grande, muito grande, temos que ter fôlego e perseverança, porque não será fácil, não está sendo. Mas precisamos tentar caminhos em outro sentido, como a construção de sistemas políticos capazes de promover o bem viver. A educação popular em saúde tem muito a colaborar nesse sentido.