A população brasileira os fluxos migratorios no brasil

No Brasil, a migração interna atingiu seu ápice entre os anos 1960 e 1980, quando enormes contingentes se deslocaram do campo para as cidades, com destaque para o movimento de nordestinos rumo à Região Sudeste, sobretudo nos anos 1940 a 1980. Nas últimas décadas, contudo, a migração interna tem diminuído bastante. O Nordeste ainda perde habitantes para outras regiões, e o Sudeste é o que mais recebe imigrantes, mas com intensidade cada vez menor.

Principais deslocamentos internos no Brasil (1950-1980)

A população brasileira os fluxos migratorios no brasil

FATORES QUE INFLUENCIAM AS MUDANÇAS NOS FLUXOS MIGRATÓRIOS INTERNOS

O desenvolvimento econômico em outras regiões: a partir dos anos 1960, começou a ocupação maciça das regiões Centro-Oeste e Norte. A primeira teve como fator de atração a inauguração de Brasília e, posteriormente, o avanço do agronegócio. Já a região Norte passou a atrair migrantes a partir da abertura de estradas como a Belém-Brasília e da criação da Zona Franca de Manaus, ou seja, durante a ditadura militar.

A desconcentração industrial: a partir dos anos 1990, as políticas de isenção de impostos e doação de terrenos feitas por estados e municípios acabaram atraindo as empresas para diferentes regiões. Consequentemente, a ampliação da oferta de emprego nesses locais impulsionou o recebimento de migrantes.

O avanço da urbanização: nas últimas décadas, a urbanização avançou pelo Brasil, o que proporcionou a melhoria na infraestrutura de transportes, de telecomunicações e de energia elétrica, favorecendo a geração de empregos em locais até então menos desenvolvidos. Como a principal motivação para a migração é a busca por melhores condições de vida e de trabalho, à medida que ocorre uma distribuição mais equilibrada das ofertas de trabalho, a busca por outros lugares para morar tende a cair. 

OS NOVOS FLUXOS MIGRATÓRIOS INTERNOS

Entre 1995 e 2000, 3,4 milhões de pessoas trocaram a região onde nasceram por outra, realizando uma migração inter-regional. Já entre 2005 e 2010, esse número baixou para 3 milhões. Ou seja, se antes a migração entre regiões diferentes predominava, com destaque para os fluxos Nordeste-Sudeste e Sul-Centro-Oeste, atualmente este tipo de migração perde força frente a outros fluxos, como a:

Migração intra-regional: ocorre entre municípios de um mesmo estado ou ainda entre estados de uma mesma região, sobretudo em direção a cidades de médio porte. Esse processo é impulsionado, muitas vezes, por Indústrias que migram para cidades menores. A migração entre os estados movimentou 4,6 milhões de pessoas entre 2005 e 2010.

Migração pendular: neste caso, trata-se de um arranjo populacional entre dois ou mais municípios onde há grande integração demográfica. A migração pendular ocorre quando alguém estuda ou trabalha em um município diferente de onde mora, sendo obrigado a se deslocar diariamente para cumprir essas obrigações. É muito comum em regiões metropolitanas, já que a metrópole concentra mais oportunidades do que a periferia.

Migração de retorno: é o deslocamento de pessoas para sua região de origem, após ter migrado. É o que ocorreu na região Nordeste a partir dos anos 1980 e 1990, com a melhora da economia local. Na Região Metropolitana de São Paulo, 60% dos que deixaram a região entre 2000 e 2010, eram migrantes de retorno.

Principais fluxos da migração de retorno no Brasil (1990-2015)

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O BRASIL E OS FLUXOS INTERNACIONAIS

Em termos relativos, vale a pena destacar que na última década houve um aumento de 160% na entrada de imigrantes no Brasil. Tal fenômeno foi provocado em parte pelo crescimento econômico do Brasil no período de 2003 a 2012, que tornou nosso país atraente para vizinhos; mas também pelos problemas ocorridos em países latinos como a Argentina (que viveu uma grave crise no início dos anos 2000), o Haiti (arrasado por um terremoto em 2010) e a Venezuela (que sofre uma crise econômica desde 2013, mas que se agravou principalmente em 2016 e 2017).

De qualquer forma, é importante lembrar também que, em termos absolutos, atualmente não há em nosso país um número tão expressivo de entrada de estrangeiros e nem de saída de brasileiros. Ou seja, nas últimas décadas, o Brasil não tem se destacado como emissor e tampouco como receptor de migrantes internacionais. Por isso mesmo, a diferença entre o crescimento vegetativo e o crescimento demográfico é pequena por aqui.

A maior parte das migrações envolvendo o Brasil é interna, com destaque para o forte êxodo rural ocorrido do Nordeste para o Sudeste entre os anos 1940 e 1970; e a migração de retorno, intensificada a partir dos anos 1990, do Sudeste para o Nordeste. Outros dois fluxos internos importantes são a transumância e o movimento pendular – ambos movimentos migratórios de caráter temporário.

Porém, no passado houve importantes fluxos internacionais com destino ao nosso país (e saindo dele também). Os principais fluxos de imigração (entrada de estrangeiros) no Brasil foram os de portugueses e escravos africanos (até o século XIX), italianos e alemães (1850-1900), japoneses (1900-1920) e outros asiáticos (1950-1960). Dos anos 1970 e até hoje, a maioria dos que chegam são latinos (como bolivianos e haitianos) que desembarcam no Brasil em busca de oportunidades. Vale destacar que muitos entram ilegalmente e acabam se tornando vulneráveis a exploradores de mão-de-obra, engrossando as estatísticas de trabalho escravo no país.

Imigração no Brasil: entrada de imigrantes no Brasil (1808-1970)

A população brasileira os fluxos migratorios no brasil

Já quanto à saída de brasileiros, três fluxos merecem destaque. Primeiro, foram os sulistas e paulistas que (nos anos 1950-1970) migraram para o Paraguai (Brasiguaios) em busca de terras baratas. Isso ocorreu em virtude da modernização agrícola e do consequente encarecimento das terras no Brasil. Depois, foram os descendentes de japoneses (Dekasseguis) que, por conta da crise econômica do Brasil dos anos 1980, resolveram ir para o Japão. Essa migração geralmente não é definitiva, e muitas vezes os brasileiros que vão para lá acabam trabalhando em empregos insalubres e de remuneração baixa para os padrões japoneses, o que faz com que muitos retornem ao Brasil depois de algum tempo. O terceiro fluxo se intensificou a partir dos anos 1990, quando muitos brasileiros foram tentar a sorte nos EUA, seguindo o caminho de tantos outros latino-americanos. Com isso, atualmente os três países com maior número de imigrantes brasileiros são Estados Unidos, Paraguai e Japão.

Emigração de brasileiros: locais no exterior com maior número de brasileiros

A população brasileira os fluxos migratorios no brasil

Os movimentos migratórios no Brasil se caracterizam por ser o deslocamento de cidadãos brasileiros dentro do território nacional.

Este fenômeno ocorre no País desde a sua fundação.

Afinal, o Brasil se formou com a imigração de colonos portugueses e com a imigração forçada dos negros africanos.

Tipos de migração

A migração é o movimento que uma pessoa faz ao deixar sua terra de origem em busca de outro lugar para se estabelecer.

Já migração interna se caracteriza pelo deslocamento de populações dentro de um mesmo país. Isto pode acontecer por motivos econômicos, catástrofes naturais, conflitos, etc.

No Brasil, temos vários exemplos de migração interna por conta dos modelos econômicos implantados no País. Por isso, quando um ciclo econômico se esgotava numa região, seus habitantes tinham que migrar para continuar a viver.

Existem vários tipos de migração interna. Vejamos os principais:

Êxodo rural: deslocamento de populações do campo para a cidade. No Brasil, este fenômeno começou na primeira metade do século XX.

Migração pendular: processo migratório que ocorre de uma cidade pequena para uma grande, diariamente, na região metropolitana das capitais. Neste caso, o migrante não estabelece sua residência no local para onde se desloca. Apenas se dirige ali para estudar ou trabalhar.

Migração sazonal ou transumância: o migrante vai para uma região para cumprir um trabalho específico como recolher frutos, cortar cana-de-açúcar, etc.

Migração de retorno: nas décadas de 10, do século XXI, com o crescimento da economia nordestina, muitos migrantes voltaram aos seus estados de origem.

No período colonial, observamos o primeiro movimento migratório na época da descoberta do ouro em Minas Gerais, no século XVIII.

No século XIX, com a vinda da Família Real para o Brasil, em 1808 e a Abertura dos Portos, em 1810, verificamos a chegada de vários europeus como franceses, poloneses, suíços, ingleses que vieram se estabelecer aqui.

Também neste século, com o crescimento do cultivo do café e proibição de importar pessoas escravizadas, foi estimulada a imigração italiana e alemã.

Na primeira metade do século XX, com o início da industrialização no Brasil, observamos o começo do êxodo rural para as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Para fazermos uma comparação: o Brasil era predominantemente rural na década de 40, porém trinta anos mais tarde, já era um país de maioria urbana.

Exemplo de movimentos migratórios no Brasil foram a construção de Brasília, na década de 50, o estabelecimento da Zona Franca de Manaus (AM), nos anos 60 e a descoberta de ouro em Serra Pelada (PA), na década de 70.

Veja também: A construção de Brasília

Movimentos migratórios no Brasil na atualidade

O processo migratório brasileiro continua acontecendo no século XXI, mas com importantes mudanças a respeito dos anos anteriores.

Grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro já não atraem tanto aos migrantes. Agora, se verifica a busca por cidades de médio porte como Campinas (SP) e Ribeirão Preto (SP).

Igualmente, existe uma nova fronteira agrícola formada por uma faixa que se estende do Mato Grosso passando por Goiás, Tocantins, Maranhão e Piauí até o Pará. Nesta área estão os grandes produtos de exportação do Brasil como a soja e carne, além de minérios.

Também se observa a mudança no perfil do migrante. No passado, as pessoas de baixa renda eram a grande maioria que se deslocavam. Hoje, com acesso à informação, aqueles que têm mais escolaridade são os que estão se movimentando mais dentro do território nacional.

Temos mais textos sobre este assunto para você:

  • Migração
  • Tipos de Migração
  • Imigração no Brasil
  • Serra Pelada

Repórter Justiça - Migração interna (26/10/13). Consultado em 10.09.

DOTA; Ednelson Mariano e QUEIROZ, Silvana Nunes de - Migração interna em tempos de crise no Brasil. Rev. Bras. Estud. Urbanos Reg. vol.21 no.2 São Paulo May/Aug. 2019 Epub Aug 22, 2019.

BAENINGER, Rosana - Migrações internas no Brasil no século 21: entre o local e o global. Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindoia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012.