Qual o principal efeito que a pílula do dia seguinte, utilizada para evitar uma gravidez indesejada

Muitas mulheres têm dúvidas sobre a pílula do dia seguinte. Veja quais são as principais perguntas e respostas sobre o contraceptivo na conversa abaixo.

Há muitas dúvidas acerca da pílula do dia seguinte. Ela é abortiva? Depois de ter feito sexo desprotegido, tenho quanto tempo para tomá-la? Ela é eficaz? Posso tomá-la mais de uma vez por mês?

Veja também: Leia aqui uma entrevista com especialista sobre a pílula do dia seguinte

Com o objetivo de esclarecer algumas dúvidas sobre o contraceptivo de emergência (pílula do dia seguinte), que é vendido sem receita médica nas farmácias ao custo de aproximadamente R$ 20, conversamos com o dr. Donizetti Ramos dos Santos, médico do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, e com a dra. Marta Curado, presidente da Comissão de Anticoncepção da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Depois do sexo desprotegido, quanto tempo tenho para tomar a pílula?

O ideal é que a mulher tome a pílula o mais próximo possível da relação sexual desprotegida. Mas ela tem até três dias (72 horas) para fazer isso. Nas primeiras 24 horas, por exemplo, a eficácia da pílula é de 88%, e vai diminuindo conforme os três dias passam. O medicamento é vendido em dose única e em dois comprimidos. É indicado que a mulher tome um comprimido e espere 12 horas para tomar o outro. Entretanto, para não haver esquecimento, ela pode optar por tomar os dois de uma vez.

Em que casos devo usar a pílula do dia seguinte?

A pílula do dia seguinte é um contraceptivo de emergência, portanto deve ser utilizada somente em último caso. Nos Estados Unidos a chamam de plano B. Ela deve ser usada quando, por exemplo, a camisinha estoura no momento da ejaculação. Ou então quando a menina se esquece de tomar  a pílula anticoncepcional durante dois, três dias, e só se lembra no momento da relação. Em casos de estupro ela também é amplamente utilizada. Portanto, não se deve fazer de seu uso um hábito nem tomar mais que uma dose por mês. É importante ressaltar a importância desse medicamento na vida das mulheres, pois ele tem diminuído em mais de 50% a taxa de gravidez indesejada e evitado milhares de abortamentos.

Devo tomar a pílula do dia seguinte mesmo se estiver menstruada?

Em tese, caso a relação tenha sido feita no momento da menstruação, a mulher não teria risco de engravidar, pois a menstruação significa justamente que o tecido que iria abrigar o feto está sendo descartado porque não houve fecundação. Porém, durante a ovulação algumas mulheres podem sofrer uma perda sanguínea que pode ser confundida com a menstruação. Se essa perda ocorrer no meio do ciclo, é possível que ela seja fruta dessa perda da ovulação, e assim, é recomendado tomar a pílula, já que esse é o momento mais fértil da mulher. Caso a perda sanguínea esteja mais próxima do fim do ciclo, é mais provável que seja de fato a menstruação; assim, pode não ser necessário tomar a pílula.

Vídeo: Dr. Drauzio fala sobre o uso da pílula seguinte na menstruação

A pílula tem alguma contraindicação?

Mulheres com distúrbios metabólicos, principalmente insuficiência hepática e tromboembolismo venoso devem evitar tomar o medicamento. É importante conversar com um médico antes.

Como a pílula do dia seguinte age no organismo? Ela é abortiva?

Não. O principal objetivo da pílula é bloquear a ovulação e com isso dificultar a incidência de gravidez. Caso a mulher não tenha ovulado, o anticoncepcional de emergência deverá impedir ou retardar a liberação do óvulo, evitando a fertilização. A pílula também não deixa formar o endométrio gravídico (camada que recobre o útero para receber o óvulo fecundado e cuja descamação dá origem à menstruação) e altera o ambiente do útero para que o espermatozoide tenha mais dificuldade para se movimentar e alcançar o óvulo. Portanto, não chega a haver a formação de um embrião.

É necessário receita médica para adquiri-la?

Não. Embora às vezes o acesso à pílula seja dificultado, nos postos de saúde não é exigida receita, o que foi um enorme avanço em termos de saúde pública. Antes a mulher tinha que esperar quase dois meses para consultar um ginecologista. Nesse meio tempo, se ela esperasse a pílula, já estaria grávida. Atualmente, a mulher pode ir até o posto e se não tiver um médico de plantão, o próprio enfermeiro está autorizado a fornecer o medicamento a ela. Além disso, se ela for menor de idade, não é preciso estar acompanhada dos pais.

Normalmente o enfermeiro ou o técnico de enfermagem vai sugerir que ela converse com um médico posteriormente com o objetivo de ver se ela não está utilizando esse medicamento como único método contraceptivo, o que não é indicado.

A pílula do dia seguinte protege durante o restante do mês?

Não. A pílula impede a ovulação no momento da relação, mas não permanece agindo para impedir uma possível segunda gravidez, inclusive no mesmo ciclo. Dessa forma, é essencial que as relações posteriores ao uso sejam feitas com métodos de contracepção adequados.

Posso tomar a pílula mais de uma vez por mês?

Não é recomendado, pois ela perde a eficácia, aumentando o risco de gravidez. Além disso, graças a sua alta dose de componentes hormonais, ela pode causar reações adversas como náuseas, alteração do ciclo menstrual, dor de cabeça e diarreia.

Após utilizar o contraceptivo de emergência, posso continuar tomando pílula anticoncepcional ou tenho que esperar menstruar?

Espere vir a menstruação e comece a tomar uma nova cartela de pílula. Mas não faça sexo desprotegido, a pílula do dia seguinte não tem efeito cumulativo.

Vídeo: Dr. Drauzio tira dúvidas sobre a pílula do dia seguinte

A pílula do dia seguinte, também conhecida por método de anticoncepção de emergência, é um recurso utilizado após uma relação sexual desprotegida. Como o nome indica, é um método de emergência, não devendo ser usado regularmente. A pílula do dia seguinte deve ser utilizada apenas em situações excepcionais, em que ocorreu, por exemplo, o rompimento de um preservativo ou em casos de abuso sexual, evitando assim uma gravidez indesejada.

Como ela atua?

A pílula, geralmente composta de progesterona, deve ser usada em um período máximo de 72 horas após a relação sexual, uma vez que após esse tempo os efeitos do medicamento podem não ser os mesmos. Como esse método dependerá da fase do ciclo menstrual em que a mulher se encontra para agir, ele pode ter efeito na ovulação e também impedir o encontro do óvulo com o espermatozoide e a consequente fecundação.

A pílula dificulta a fecundação, pois atua tornando o muco cervical espesso e altera o pH do útero, o que dificulta o deslocamento dos espermatozoides. Ela também atua dificultando a movimentação de espermatozoides e óvulos nas tubas uterinas e interfere na formação do endométrio.

Efeitos colaterais da pílula

Alguns efeitos colaterais já foram descritos para a pílula do dia seguinte, sendo que os principais são vômito e enjoo. Podem ocorrer, em casos mais raros, dores de cabeça, dores nas mamas e tontura, sendo que esses sintomas tendem a desaparecer ainda nas primeiras 24 horas após a ingestão. Vale lembrar que quando os vômitos ocorrem até duas horas após o uso da pílula, deve-se repetir a dose.

É comum que algumas mulheres observem sangramento alguns dias após a utilização do medicamento, entretanto, ele tende a parar em alguns dias. A menstruação também pode ser antecipada.

Vantagens e desvantagens

A grande vantagem desse método é que, ao evitar uma gravidez indesejada, diminui-se o número de abortos clandestinos e até mesmo de abandonos de bebês. Sendo assim, é extremamente necessário que toda a população seja informada acerca desse método. Entretanto, diferentemente da camisinha, a pílula do dia seguinte não protege contra doenças sexualmente transmissíveis. Esse é mais um motivo pelo qual não se deve usar o método de forma incontrolada, sendo recomendado apenas em casos de falhas dos demais métodos.

A pílula é uma forma de aborto?

Apesar de muitas pessoas considerarem esse método uma forma de aborto, autores afirmam que após a fecundação o medicamento perde todo o seu efeito, não causando, portanto, aborto ou problemas ao futuro bebê. É em razão dessa ideia errônea que o método não é prescrito pela maioria dos médicos, apesar de estar disponível no SUS.


Por Ma. Vanessa dos Santos

Por meio de uma carga extra de hormônios, ela retarda a ovulação, impede a fecundação e, caso o encontro com o espermatozóide já tenha ocorrido, não deixa o óvulo se fixar no útero. Assim, a pílula evita uma gravidez indesejada. O kit-salvação é composto de dois comprimidos com altas doses de hormônios sintéticos, como progesterona e estrógeno. Mas ele só tem efeito se a mulher tomar a primeira pílula no máximo 72 horas após a transa. A segunda dose deve vir 12 horas depois. Quanto maior a demora, menor a eficácia. “Se a mulher usar as pílulas nas primeiras 24 horas após a relação sexual, o risco de engravidar é de 5%. Dois dias depois, sobe para 15%. Em três dias, há 40% de possibilidade de uma gravidez”, diz o médico Paulo César Pinho Ribeiro, do Departamento de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria. A cartela pode ser comprada em farmácias, sem receita médica, e encontrada em postos de saúde e hospitais públicos. Mas a pílula do dia seguinte não deve virar rotina, nem substituir os anticoncepcionais regulares. Se usada várias vezes no mesmo mês, ela bagunça o ciclo menstrual e sua eficiência diminui. Além disso, não previne contra doenças sexualmente transmissíveis. O uso deve ser restringido a emergências, como em caso de violência sexual ou quando, na hora H, algo dá errado – se a camisinha furar ou a garota esquecer de tomar o anticoncepcional comum, por exemplo.

Qual o principal efeito que a pílula do dia seguinte, utilizada para evitar uma gravidez indesejada

Só use em caso de emergência A pílula só tem efeito se for tomada até 72 horas depois da transa

1. Os comprimidos liberam hormônios sintéticos na corrente sanguínea. Eles diminuem no organismo o nível do hormônio folículo estimulante, o FSH. Ele é responsável, entre outras coisas, pelos movimentos da trompa que liberam o óvulo e o empurram em direção ao útero. Sem FSH, a trompa sossega, o óvulo estaciona e não encontra o espermatozóide

2. Para garantir o serviço, a pílula age também na mucosa que reveste o útero, chamada endométrio. Os hormônios provocam uma descamação nessa mucosa, o que impede que o óvulo fecundado “grude” nas paredes do útero. Tecnicamente, é só depois da fixação que ocorre a gravidez — por isso, a pílula não é considerada abortiva, e sim preventiva