Queijo que fica mole por dentro

O queijo é um dos alimentos mais antigos – e queridos – da humanidade. Consta que os primeiros fabricantes de queijo habitavam a região da Mesopotâmia, no Oriente Médio. Foram eles que, há mais de 10 mil anos, descobriram como transformar o leite em algo muito mais duradouro, nutritivo, gostoso e saudável.

Na Europa, a produção e consumo de queijo foram difundidos pelos romanos. Com o fim do império, vários locais desenvolveram suas próprias técnicas de produção e assim surgiram diversos queijos com características próprias.

A produção de queijo consiste basicamente na concentração do leite, por meio da eliminação de água pelo soro, tornando-o um produto de volume reduzido, fácil conservação, alto teor nutritivo, fácil digestão e, sobretudo, excelente qualidade gustativa.

José Osvaldo Albano do Amarante, “Queijos do Mundo e do Brasil”

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Quais são os tipos de queijo – classificações

A classificação dos queijos em diferentes tipos não segue um único padrão. Na verdade, há diversas maneiras de separar os queijos em tipos.

Os critérios mais usados para distinguir os tipos de queijo são: país de origem, tipo de leite, tempo de maturação e grau de umidade. Existem ainda outras classificações como por teor de gordura, processo de produção, tipo de casca, ou forma de obtenção da massa.

Veja a seguir quais são os tipos de queijo de acordo com cada critério.

País de origem

A classificação mais ampla dos tipos de queijo é aquela em que se considera o país de origem.

Normalmente o queijo é classificado pelo nome do país em que foi criado pela primeira vez. Os países mais famosos pela sua produção de queijo incluem a França, Itália, Suíça e os Países Baixos (Holanda).

Principais tipos de queijo por país de origem

  • França: Camembert, Brie e Roquefort
  • Itália: Gorgonzola, Muçarela (Mozzarela), Provolone, Parmesão (Parmigiano)
  • Inglaterra: Stilton e Cheddar
  • Suíça: Emmental e Gruyere
  • Holanda: Edam e Gouda
  • Portugal: Serra da Estrela
  • Espanha: Manchego

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Tipos de queijo da Europa

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Denominação de origem protegida

Em alguns casos, o queijo tem “denominação de origem protegida“. Isso indica que, para poder usar o nome, o alimento deve ser produzido em uma determinada região e com métodos de produção muito controlados.

Exemplo de queijos com denominação de origem são:

  • Roquefort, Camembert de Normandie (França);
  • Manchego (Espanha);
  • Gorgonzola, Grana Padano, Parmigiano Reggiano (Itália);
  • Queijo Serra da Estrela (Portugal).

Leia também: Como cortar queijo da maneira correta

Segundo a lei francesa, por exemplo:

É proibido fabricar, expor, transportar, colocar à venda ou vender, deter, importar, exportar, sob o nome de “ROQUEFORT” com ou sem adição nominal qualificativa, um queijo que não seja o queijo que terá sido:

1. Preparado e fabricado exclusivamente com leite de ovelha;

2. Fabricado e maturado de acordo com os usos locais, leais e constantes, no que diz respeito tanto ao lugar dessa maturação quanto ao método empregado.

Fonte
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Produção artesanal do queijo Roquefort

A lei determina ainda como o leite de ovelha deve ser produzido, coletado e armazenado, além de detalhes do processo de fabricação e dos ingredientes.

O verdadeiro queijo Roquefort é originário da região de Roquefort-sur-Soulzon no sul da França e é maturado nas adegas subterrâneas da montanha de Combalou, onde o queijo é exposto ao fungo Penicillium Roqueforti.

Existem muitos outros queijos que, embora tenham origem em um determinado lugar, se espalham pelo mundo e são produzidos em diversos locais. Como exemplo, temos Muçarela (Mozzarella), Gouda, Parmesão (Parmigiano), Cheddar e muitos outros.

Nesses casos, a qualidade e mesmo o sabor e textura do queijo terão enorme variação de acordo com a matéria prima e os métodos de produção adotados.

Tipo de leite

A matéria prima principal do queijo é sempre o leite, mas o tipo de animal que produz o leite influencia no sabor final do queijo.

Interessante também notar que o mesmo tipo de queijo pode ser feito com leites de origem diferente, como é o caso da muçarela e da ricota.

Os quatro tipos de leite disponíveis para a produção de queijo são:

  • Leite de vaca: o queijo feito de leite de vaca tem sabor mais suave, cremoso e adocicado que o produzido com outros tipos de leite. Assim, para desenvolver queijos com sabor mais apurado, o queijo de leite de vaca precisa passar por processos de maturação e envelhecimento. O leite de vaca é a matéria prima de cerca de 82% dos queijos produzidos no mundo.
  • Leite de búfala: no Brasil, conhecemos especialmente a muçarela de búfala, um queijo fresco em formato de bolas, trança, nós, ou outros. Na verdade, a verdadeira mozzarella italiana é tradicionalmente feita 100% com leite de búfala. Outros queijos frescos fabricados também com leite de búfala são: queijo de Coalho, Ricota, queijo Frescal e Cottage de búfala. Cerca de 12% dos queijos do mundo são fabricados com este leite.
  • Leite de cabra: o queijo feito com leite de cabra tem um sabor picante e um aroma característicos, mais fortes que os de queijo de vaca. Para quem está acostumado com o sabor mais suave dos queijos de leite de vaca, o queijo de cabra pode não agradar na primeira mordida. Mas este queijo tem uma legião de apreciadores, além dos que, devido à intolerância ao leite bovino, precisam de uma alternativa. Entre os queijos feitos com leite de cabra no Brasil estão o queijo Boursin, Camembert, Ricota e Frescal de cabra. Já na França, principal produtor, são mais de 100 tipos.
  • Leite de ovelha: os queijos de leite de ovelha são os menos comuns no Brasil. Em geral, são queijos macios e semi macios, com textura suave. Entre os tipos de queijo de leite de ovelha estão o Roquefort, o Manchego, Halloumi, Pecorino e Feta.
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Maturação ou cura

Uma outra maneira de classificar os queijos é quanto à maturação ou cura. A maturação do queijo envolve uma série de processos que ocorrem após a produção do queijo e que modificam seu sabor, aroma, formato e textura.

O queijo fresco é aquele que não passa por nenhum processo de maturação. Ele pode ser consumido assim que sai do processo de produção. Entre esses queijos, tempos a Ricota, o queijo Minas Frescal e o queijo Coalho.

Diversos outros queijos passam por um processo de maturação, que pode levar de poucos dias a alguns anos. Este processo é feito em um ambiente com temperatura e umidade controladas. Ali milhões de micro-organismos atuam e provocam uma série de reações bioquímicas.

Em geral, o queijo maturado é mais firme e tem sabor mais intenso que o queijo fresco. É fácil de se perceber isso, comparando um queijo tipo ricota (mais fresco) com um parmesão (mais maturado).

Acontece também durante a maturação a formação da casca, dos furos (chamados olhaduras) e das veias (no caso de queijos como gorgonzola) do queijo.

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Queijo Asiago maturando

Tipos de queijo quanto à textura

Uma forma bem comum de se classificar os queijos é quanto à sua textura. Não é uma ciência exata, mas em geral, são classificados como:

  • Queijo macio: inclui queijos de massa filada como Muçarela, Provolone e Cacciocavalo; queijos frescos, como Mascarpone, Ricota, Coalho, alguns tipos queijos de cabra, além de queijos cremosos, como Requeijão e Cream Cheese.
  • Queijo semi-macio: são queijos com interior cremoso e com pouca ou nenhuma casca. Têm alto teor de umidade, mas variam em gosto, de suave a mais pungente. Entre eles estão os queijos “azuis” como gorgonzola e roquefort.
  • Queijo semi-duro: o queijo Cheddar inglês, queijos holandeses como Gouda e Edam são considerados semi duros.
  • Queijo duro: são queijos maturados durante longos período para que tenham baixo teor de umidade. O queijo parmesão é o mais famoso deles, mas outros como Pecorino (queijo de ovelha) e Asiago também se enquadram neste tipo de queijo.

Leia também: bases aromáticas e refogados pelo mundo.

Tipos de queijo quanto à casca

A casca do queijo se forma naturalmente durante o processo de produção do alimento. Ela normalmente é comestível, ao contrário de outros materiais que cobrem o queijo, como cera, plástico, folha de alumínio, etc.

  • Casca florida: a casca chamada florida é branca/acinzentada e macia. Ela ocorre quando se adiciona à massa do queijo o fungo Penicillium candidum. Este fungo se desenvolve com a umidade, formando a casca que é comestível. Os queijos com casca florida mais conhecidos são o Brie e o Camembert.
  • Casca lavada: casca geralmente pegajosa e de cor alaranjada ou avermelhada que se forma durante a cura do queijo. A casca é lavada com água, salmora, vinho, ou outra bebida alcóolica de modo a evitar a formação de mofos indesejáveis. Os queijos de casca lavada são os mais aromáticos, com sabor mais acentuados. Normalmente são os queijos que são considerados mais “fedidos”. A casca é comestível, mas pode ser muito salgada em alguns casos. Exemplos de queijos de casca lavada: Taleggio, Quartirolo Lombardo, Serra da Estrela.
  • Casca natural: casca que se forma sem a intervenção de agentes exteriores. Ela se forma naturalmente, quando o queijo é maturado e o ar seca o exterior do produto. Com o tempo, se forma uma crosta que normalmente é mais grossa e dura que as cascas florida ou lavada. Costumam não ser muito agradáveis para se comer. Exemplos de queijo com casca natural: Stilton, Roquefort, Parmigiano Reggiano, Gorgonzolla.

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15 tipos de queijos para você degustar

Queijo que fica mole por dentro

País de origem: França

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: na França, mínimo de 6 meses

Textura: macio e cremoso

Características: casca florida branca, interior macio e cremoso

Como consumir: deve ser consumido em temperatura ambiente e cortado em fatias finas, da borda para o centro.

Harmonização: combina frutas como pera e maçã, castanhas e geleias. Champanhe, vinho tinto Cabernet, Merlot, ou vinhos Rosé.

Leia nosso artigo completo sobre o queijo brie.

2. Camembert

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País de origem: França (região da Normandia)

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: na França, quatro semanas

Textura: macio e cremoso, muito semelhante ao queijo brie.

Características: casca florida branca com interior macio e cremoso.

Como consumir: deve ser consumido em temperatura ambiente e cortado em fatias finas.

Diferença do queijo brie: menor em tamanho e menos teor de gordura.

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País de origem: Inglaterra

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: mínimo de 9 meses, podendo chegar a mais de dois anos nos queijos “vintage”.

Textura: semi-duro

Características: queijo mais consumido na Inglaterra, apresenta sabor adocicado chegando a bastante pungente em queijos mais maduros. A cor amarela é resultado do acréscimo de urucum.

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País de origem: Holanda

Tipo de leite: leite de vaca ou cabra

Maturação: varia, chegando a um ano (mais maduros)

Textura: semi-duro

Características: queijo com casca lavada, de cor amarelada e com sabor suave.

Como consumir: servido com frutas como damasco, maçã ou pera pode ser um bom aperitivo ou sobremesa. É também consumido puro, com pão ou biscoito.

Harmonização: vinhos Pinot Gris, Riesling, Champagne, Chardonnay e Shiraz

5. Emmental

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País de origem: Suíça

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: varia, chegando a um ano (mais maduros)

Textura: semi-duro

Características: casca natural amarela e olhaduras (buracos) típicas.

Como consumir: em temperatura ambiente. Pode ser degustado puro, ou como ingrediente de outros pratos.

Harmonização: frutas como maçã e pêssego. Vinhos Sauvignon Blanc, tinto Malbec.

Leia o artigo completo sobre o queijo Emmental

6. Gorgonzola

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País de origem: Itália

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: mínimo de 50 dias, podendo chegar a 2 ou 3 meses.

Características: queijo azul com casca natural e fina. É um queijo mole com textura cremosa, um pouco quebradiça, e sabor e aroma intensos.

Como consumir: em temperatura ambiente. É consumido puro (em pequenos pedaços) ou para fazer molho para massa.

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País de origem: Holanda

Tipo de leite: leite de vaca

Textura: macia

Características: apresenta uma casca vermelha ou amarela e pequenas olhaduras na parte interna.

Como consumir: pode ser usado em tábuas de queijos, ou como ingrediente de molhos e suflês. Experimente com chocolate amargo, uma excelente combinação com um gouda mais maduro.

Harmonização: vinhos Sauvignon Blanc ou tinto Barbera ou Merlot.

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País de origem: Suíça

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: varia, chegando a um ano (mais maduros)

Características: queijo com olhaduras características, casca natural dura.

Como consumir: em temperatura ambiente. Normalmente é cortado em fatias triangulares, ou em fatias bem finas, cortadas com uma plaina de queijo.

Diferença do queijo emmental: o gruyere tem sabor mais doce e amanteigado. As olhaduras (orifícios) são menores, por vezes inexistentes.

Leia nosso artigo completo sobre aparelhos de fondue.

9. Manchego

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País de origem: Espanha

Tipo de leite: leite de ovelha

Maturação: mínimo de 60 dias

Textura: é um queijo semi-duro ou duro, dependendo do tempo de maturação.

Características: casca lavada e dura, com entalhes característicos. A casca não é comestível.

Como consumir: o acompanhamento mais tradicional do queijo manchego é o doce marmelada. É também consumido puro, ou com um bom pedaço de pão.

10. Mozzarela

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País de origem: Itália

Tipo de leite: leite de vaca ou búfala

Maturação: fresco

Características: queijo branco de massa filada, originalmente feito com leite de búfala. É moldado em diferentes formatos, como bolas, tranças, etc. Tem sabor muito delicado e característico.

Como consumir: preferencialmente ao natural, temperada com azeite. É também ótima para saladas, como a famosa Salada Caprese.

A muçarela de leite de vaca é o queijo mais produzido e vendido no Brasil. Abastece pizzarias, lanchonetes e não falta no lanche de grande parte das residências brasileiras.

11. Provolone

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País de origem: Itália

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: mínimo de 30 dias

Características: o queijo provolone é moldado em diferentes formatos, incluindo o tipo “salame” muito vendido no Brasil, mas também como garrafa, ou pera. Alguns são defumados.

Como consumir: em pequenos cubos ou fatias

12. Parmesão

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País de origem: Itália (Emilia-Romana)

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: varia, chegando a dois anos.

Características: casca grossa, sabor acentuado. O verdadeiro Parmiggiano-Reggiano é um dos queijos mais apreciados da Itália.

Como consumir: pode ser consumido em pedaços ou ralado para complementar massas.

Além do macarrão, combina bem com vinagre balsâmico (bastam algumas gotas) e frutas como figo.

13. Roquefort

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País de origem: França

Tipo de leite: leite de ovelha

Maturação: mínimo de três meses

Características: tem veios e manchas em tons de azul esverdeado. A textura é quebradiça e o sabor bem picante e salgado. Tem casca natural normalmente embrulhada em papel alumínio.

Como consumir: em pequenos pedaços como sobremesa, com frutas como figo, ou uva, pães e crackers, ou ainda com castanhas.

Harmonização: vinhos doces, como Suternes, Porto ou Sherry.

15. Serra da Estrela

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País de origem: Portugal

Tipo de leite: leite de ovelha

Maturação: mínimo de um mês para queijos “amanteigados” ou quatro meses para envelhecidos.

Textura: semi-macio

Características: massa amanteigada, de cor branca ou amarelada. O queijo é vendido envolto em um tecido branco tipo gaze.

Como consumir: o queijo Amanteigado é servido com a parte de cima cortada, geralmente servido com colher.

15. Stilton (blue)

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País de origem: Inglaterra

Tipo de leite: leite de vaca

Maturação: os mais maduros, mínimo de 15 semanas

Características: queijo azul com casca natural. É um dos queijos mais famosos da Inglaterra. Tem um sabor menos marcante que outros queijos azuis.

Harmonização: na Inglaterra, o Stilton é especialmente apreciado com o vinho do Porto.

Curiosidades sobre o queijo

  • Os países com maior consumo per capita de queijo por ano são: República Tcheca (64 kg por pessoa), Alemanha (37 kg) e França (25 kg) (dados de 2019 fonte)
  • Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq), o consumo per capita brasileiro é de cerca de 5,5 kg de queijo por ano (2019)
  • Em termos de toneladas de produção, os Estados Unidos lideram a produção de queijo com 6,3 milhões de toneladas, seguidos de Alemanha (3,5 milhões de toneladas) e França (1,9 milhões de toneladas). Dados de 2019: fonte.
  • No Brasil, em 2019 foram produzidas 775 mil toneladas de queijo (fonte).

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Site da Associação Brasileira da Indústria do Queijo – clique aqui

Site Cheese.com

Livro: Queijos do Brasil e do Mundo, de José Osvaldo Albano do Amarante

Livro: Queijos, de Fionna Beckett