O que acontece se estalar os dedos

São Paulo

Se você é daquelas pessoas que estala os dedos por hábito ou para aliviar o estresse e se pergunta se puxá-los ou dobrá-los tanto pode causar algum mal, não se preocupe: suas articulações, cartilagens e os ligamentos estão seguros. 

O barulho do estalar de dedos está associado à movimentação do líquido sinovial que nutre as articulações. O som do estalar, portanto, é natural.

A ação também não engrossa os dedos, como muitos pensam.

Mesmo que a ação em si não seja prejudicial para o corpo, ela pode ser um sinal de que há algum outro problema na área em questão.

O médico Carlos Fernandes, especialista em mão e membro da Sbot (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, afirma que é preciso observar se há inchaço, vermelhidão e alteração de temperatura no local, o que pode indicar algum outro problema de saúde.

"Existe um problema chamado dedo em gatilho que, em sua fase inicial, provoca algo próximo ao estalo de dedos", afirma o especialista. 

A doença dedo em gatilho não tem causa conhecida é é frequente entre pessoas com artrite reumatoide ou diabetes. Com ela, o dedo trava em uma posição dobrada quando um dos tendões que flexiona o dedo se inflama ou incha, geralmente com uma área redonda e elevada na palma da mão.

Além do dedo em gatilho, o estalar também pode estar associado a problemas como desgaste na articulação dos dedos ou algum tipo de reumatismo.

Em resumo, estalar os dedos não é um problema, mas deve-se manter atenção para casos em que a ação é acompanhada de muita dor ou incômodo. Também é preciso ficar atento para não estalar os dedos for feito de modo compulsivo, o que aumenta os riscos de causar frouxidão ligamentar e até uma doença articular degenerativa

Nesses casos, o melhor a se fazer é procurar por um ortopedista.

Pode estalar os dedos sossegado. Provavelmente nenhum dano será feito às articulações e o som pode até indicar a saúde das juntas. A descoberta é de uma equipe de pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, que revelou pela primeira vez com método científico o que acontece quando estalamos as juntas. Passando os dedos de um participante do estudo por uma máquina de resssonância magnética, o grupo descobriu que é a criação de uma “bolha” na substância que lubrifica as articulações que causa o barulho – e não o atrito entre os ossos. O estudo foi publicado nesta quarta-feira na revista Plos One.

“É como a criação de um vácuo”, explica Greg Kawchuk, professor do departamento de fisioterapia da Universidade e líder do estudo. “Uma vez que as superfícies das articulações se separam rapidamente, não há mais fluido disponível para preencher o volume crescente do conjunto, uma cavidade é criada, e esse evento é o que está associado ao som.”

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Vácuo – Para saber como as juntas estalam, os cientistas inseriram os dedos – um de cada vez – em um tubo conectado a um cabo e o puxaram devagar até a junta estalar. Foram feitas imagens de todas as etapas e de todos os dedos. “Ao fazer isso, foi possível ver claramente o que realmente acontece dentro das juntas” explica Kawchuk.

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As ressonâncias mostraram que a separação das articulações causou a rápida criação de uma cavidade de gás dentro do fluido sinovial – uma substancia que lubrifica as juntas. É a criação desse espaço vazio que provoca o barulho.

Não faz mal – “As pessoas não gostam do barulho do dedo sendo estalado porque acham que há algum dano sendo feito” comenta Richard Thompson, outro cientista envolvido no estudo. No entanto, de acordo com os pesquisadores, não há evidências de que o barulho signifique que algum mal está sendo feito ao corpo.

Essa pesquisa dá suporte científico a uma teoria dos anos 1940 que usou radiografias para afirmar que era a criação de uma “bolha” que fazia as juntas estalar. No entanto, um estudo dos anos 1970, também com raios X, questionou o achado, propondo que era o estouro da bolha na articulação que criava o barulho.

“Por que podemos estalar algumas articulações e outras não? Ainda está em aberto a questão se a habilidade de estalar os dedos pode estar relacionada à saúde das juntas e a incapacidade de fazer isso pode ser um sinal de problemas”, comenta Kawchuck.

Os autores acreditam também que o experimento pode ajudar a descobrir problemas nas juntas antes de os sintomas aparecerem. Além disso, pode ajudar a revelar por que as articulações desenvolvem a artrite ou se machucam.

(Da redação)

Estalar os dedos é um hábito de muitas pessoas, que puxam ou comprimem os dedos até se ouvir um “tlaque”. Este barulho, que pode fazer impressão a terceiros, está ligado a algo que acontece nas articulações, mas a sua origem foi discutida durante muito tempo. No entanto, é recorrente o aviso de que estalar os dedos é prejudicial para as articulações e os ossos. Mas será que a ciência comprova este receio?

Articulações e ossos

As articulações são as regiões que conectam os ossos entre si e que tornam o esqueleto funcional. Entre os ossos dos dedos existem as articulações sinoviais, um dos três tipos de articulações que temos, que contêm o líquido sinovial. Esta substância permite que os ossos dos dedos se movam um em relação ao outro sem se tocarem nem haver fricção entre eles.

Desta forma, os ossos mantêm a estrutura dos dedos ao mesmo tempo que estão livres para se moverem. Esta é, no fundo, a função do esqueleto, que dá estrutura e mobilidade a todo o corpo, com a ajuda dos músculos, além de proteger órgãos como os pulmões, o coração e o cérebro.

Estalar os dedos: a origem de um som

As articulações dos dedos, dos joelhos, dos ombros, das costas e do pescoço podem estalar e fazer o tal “tlaque”. Desde a década de 1940 que cientistas fazem experiências para descobrir a origem daquele som. O que está em causa é o fenómeno da cavitação. Quando se puxa o dedo, a articulação separa-se por causa da força a que é submetida.

Nesta separação há uma redução da pressão, os gases existentes no líquido sinovial deixam de estar dissolvidos no líquido e ajudam a formar uma bolha de ar entre os dois ossos. Este fenómeno é momentâneo. Logo de seguida, os ossos voltam a aproximar-se, a bolha de ar extingue-se e a articulação volta a fechar-se. Só passados cerca de 20 minutos é que é possível estalar-se de novo a mesma articulação.

Até há pouco tempo, dois estudos científicos explicavam que o som era produzido em momentos diferentes. Um definia que o som era produzido quando os ossos se separavam e a bolha se formava, outro defendia que o som era produzido quando a bolha de ar colapsava e a articulação se fechava. Mas em 2015, uma investigação feita por uma equipa da Universidade de Alberta, no Canadá, publicada na revista “PLOS One”, observou o fenómeno em tempo real usando imagens por ressonância magnética e confirmou que o som é produzido quando a articulação se separa e a bolha é formada.

Artrite, inflamação, falta de força?

Os cientistas sabem que o estalar frequente destas articulações torna-as mais soltas, podendo causar um bem-estar imediato a quem o faz. Vários estudos foram testar se este hábito tinha efeitos nefastos para a saúde das articulações, nomeadamente se provoca artrite. Mas os resultados destas investigações mostraram que o número de pessoas com artrite é equivalente entre as que estalam os dedos e as que não estalam.

Um desses estudos, feito em 1990 num hospital em Detroit, nos Estados Unidos, comparou uma população de pessoas que estalavam os dedos das mãos com outra que não estalava e confirmou a tese de que estalar os dedos não causa artrite. Por outro lado, o trabalho mostrou que as pessoas que costumavam estalar os dedos tinham, em média, as mãos mais inflamadas e menos força para agarrarem objetos. Mas investigações mais recentes não confirmaram estas consequências negativas de estalar os dedos.

Em suma

Tanto quanto se sabe, estalar os dedos não provoca artrite ou outros efeitos nas articulações.

Você é tem o hábito de estalar os dedos das mãos? Então, já deve ter ouvido que esse hábito faz mal e pode causar artrite. Vários estudos já foram feitos para se chegar a essa conclusão, mas, até o momento, nenhuma conexão foi encontrada. 

Nos EUA, pesquisadores da Uniformed Services University of Health Sciences examinaram 215 pessoas que estalam os dedos. Dessas, 75% disseram estalar os dedos regularmente e as outras 25%, não. Resultado? A chance de ter artrite era quase a mesma em ambos os grupos.

Outro registro aconteceu em 1998, quando o cientista Donald Unger realizou um estudo informal, publicado em forma de carta na revista Arthritis and Rheumatism. O médico buscava estalar os dedos da mão esquerda pelo menos duas vezes por dia durante 50 anos. Enquanto isso, deixava os nós dedos da mão direita sozinhos para servir como “grupo de controle”.

Ele estimou que os nós dos dedos de sua mão esquerda foram quebrados, pelo menos, 36.500 vezes. Nenhuma de suas mãos apresentava artrite, diferenças na articulação dos dedos ou problema no líquido sinovial (que nutre e lubrifica as cartilagens).

E as conclusões de Donald Unger sobre não causar danos podem ser corroboradas por um estudo de 2017. Nele, os pesquisadores descobriram que os dedos que sofriam vários estalos tinham o mesmo nível de função física que aqueles que nunca foram “atingidos”. 

Complicações de se estalar os dedos

Embora a maioria esmagadora de estudos sugira que estalar os dedos não leva à artrite, algumas pesquisas sugerem que o hábito pode não ser completamente inofensivo.

Um experimento, conduzido em 1990, mostrou que estalos crônicos podem afetar a saúde das mãos. Os pesquisadores analisaram 300 participantes e descobriram que aqueles que estalavam com frequência as articulações apresentaram uma taxa maior de inflamação e uma menor capacidade do movimento de preensão nos dedos.

Até recentemente, alguns pesquisadores acreditavam que o som do estalo das juntas vinha de uma bolha que estourou quando partes do dedo se separaram.

Mas um estudo, publicado em 2015, desafiou essa teoria. Os pesquisadores usaram exames de ressonância magnética dos dedos enquanto eles eram estalados em tempo real e descobriram que o ruído acontece devido à formação de uma cavidade na articulação.