Como a teoria da deriva continental explica o surgimento do oceano em destaque no cartograma

Em seus 4,5 bilhões de anos de vida, a Terra sempre esteve em constante mudança. Uma das mais conhecidas é a transformação da Pangeia no que conhecemos hoje como todos os continentes do planeta. Esse processo aconteceu lentamente, durou por mais de uma era geológica e teve como ponto chave a movimentação das placas tectônicas na superfície terrestre.

– Esta incrível animação prevê como será a Terra em 250 milhões de anos

O que é Pangeia?

Como a teoria da deriva continental explica o surgimento do oceano em destaque no cartograma

O que seria o Brasil no supercontinente Pangeia.

A Pangeia foi o supercontinente composto pelos continentes atuais, todos unificados como um único bloco, que existiu durante a era Paleozóica, entre 200 e 540 milhões de anos. A origem do nome é grega, sendo uma combinação das palavras “pan”, que significa “todo”, e “gea”, que significa “terra”.

Cercada por um único oceano, batizado como Pantalassa, a Pangeia era uma massa terrestre gigantesca com temperaturas mais frescas e úmidas nas regiões costeiras e mais secas e quentes no interior do continente, onde predominavam os desertos. Ela se formou até o final do Período Permiano da era Paleozóica e começou a se fragmentar durante o Período Triássico, o primeiro da era Mesozóica. 

– Oceano Atlântico cresce e Pacífico encolhe; ciência tem nova resposta para fenômeno

Dessa divisão, surgiram dois megacontinentes: a Gondwana, correspondente à América do Sul, África, Austrália e Índia, e a Laurásia, equivalente à América do Norte, Europa, Ásia e Ártico. A fissura entre eles formou um novo oceano, o Tethys. Todo esse processo de separação da Pangeia ocorreu lentamente sobre um subsolo oceânico de basalto, uma das rochas mais abundantes na crosta terrestre.

Ao longo do tempo, entre 84 e 65 milhões de anos atrás, Gondwana e Laurásia também começaram a se dividir, o que deu origem aos continentes que existem hoje. A Índia, por exemplo, se desprendeu e formou uma ilha para só então colidir com a Ásia e se tornar parte dela. Os continentes finalmente tomaram a forma que conhecemos durante a era Cenozóica.

Como a teoria da Pangeia foi descoberta?

A teoria sobre a origem da Pangeia foi sugerida pela primeira vez no século XVII. Ao observar o mapa-múndi, cientistas constataram que as costas atlânticas da África, Américas e Europa pareciam se encaixar quase perfeitamente, mas não tinham dados que comprovassem esse pensamento. 

– Mapa mostra como cada cidade se moveu com as placas tectônicas nos últimos milhões de anos

Centenas de anos depois, no início do século XX, a ideia foi retomada pelo meteorologista alemão Alfred Wegener. Ele desenvolveu a Teoria da Deriva Continental para explicar a formação atual dos continentes. Segundo ele, as regiões costeiras da América do Sul e da África eram compatíveis uma com a outra, o que indicava que todos os continentes se encaixavam como um quebra-cabeças e haviam formado uma única massa terrestre no passado. Com o tempo, esse megacontinente, batizado de Pangeia, se partiu, formando a Gondwana, a Laurásia e outros fragmentos que se movimentavam pelos oceanos “à deriva”.

Como a teoria da deriva continental explica o surgimento do oceano em destaque no cartograma

As fases da fragmentação da Pangeia, de acordo com a Deriva Continental.

Wegener se baseou em três evidências principais para elaborar essa teoria. A primeira delas foi a presença de fósseis de uma mesma planta, a Glossopteris, em ambientes equivalentes do Brasil e do continente africano. A segunda foi a percepção de que fósseis do réptil Mesossaurus eram encontrados apenas em áreas equivalentes da África do Sul e América do Sul, sendo impossível que o animal tivesse migrado pelo oceano. A terceira e última foi a existência de glaciações em comum no sul da África e da Índia, no sul e sudeste do Brasil e no oeste da Austrália e Antártica.

– Fósseis mostram que Homo erectus teve sua última morada na Indonésia, há cerca de 100 mil anos

Mesmo com essas observações, Wegener não foi capaz de esclarecer como as placas continentais se movimentavam e viu sua teoria ser considerada fisicamente impossível. O princípio da Deriva Continental passou a ser aceito pela comunidade científica apenas nos anos 1960, graças ao surgimento da Teoria da Tectônica de Placas. Ao explicar e examinar o movimento dos gigantes blocos de rocha que compõem a litosfera, camada mais externa da crosta terrestre, ela ofereceu as bases necessárias para que os estudos de Wegener fossem comprovados.

A Deriva Continental é uma teoria que afirma que, um dia, todos os atuais continentes formavam apenas uma única massa de terra firme, chamada de Pangeia. Esse supercontinente, graças ao movimento das Placas Tectônicas, fragmentou-se várias vezes até proporcionar a atual forma das massas terrestres.

As primeiras suspeitas de que os continentes estariam se separando em alguns lugares e se aproximando em outros datam do século XVI, quando Abraham Ortelius, em 1596, observou que a América do Sul, por exemplo, encaixava-se perfeitamente na África. Assim, ele sugeria que as Américas teriam se separado da África e da Europa.

No entanto, apenas em 1912 que o primeiro geólogo elaborou uma teoria formal de que os continentes, em algum momento na história geológica, teriam sido apenas um. Ele observou que alguns fósseis, tipos de solo e vegetações eram iguais ou parecidos em diferentes regiões da Terra separadas por oceanos.

Porém, somente após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que se descobriu cientificamente o movimento das Placas Tectônicas, a peça que faltava para a prova, de fato, de que os continentes se movimentavam e que, anteriormente, haviam se separado. Com o passar dos anos, os cientistas foram descobrindo e descrevendo as etapas de formação da atual forma da Terra. Observe a figura abaixo:

Como a teoria da deriva continental explica o surgimento do oceano em destaque no cartograma

A fragmentação dos continentes da Terra

Até 200 milhões de anos atrás, o mundo conhecia apenas a Pangeia. Porém, há 130 milhões de anos, ele fragmentou-se em dois: a Laurásia e a Gondwana. Depois disso, as fragmentações continuaram acontecendo, dividindo os continentes e juntando a Índia com a Ásia.

Porém, é errado pensarmos que esse processo acabou. Ele continua acontecendo, mas como a sua velocidade é muito lenta, nós não conseguimos notar a diferença, pois a movimentação dos continentes é de apenas alguns centímetros ao longo de muitos anos.

Por Rodolfo F. Alves Pena

Graduado em Geografia

Deriva Continental é uma teoria que inicialmente postulou o movimento das massas continentais ao longo do tempo geológica da Terra, considerando que, anteriormente, os atuais continentes possuíam outras formas e até mesmo se situavam em outras localidades do planeta. Essas observações foram realizadas antes mesmo do conhecimento a respeito das placas tectônicas, o que serviu como uma posterior comprovação da movimentação não só dos continentes terrestres, mas de toda a crosta.

A teoria da deriva continental surgiu há muito tempo, pois desde que o mapeamento de alguns pontos da Terra foi realizado, desconfiava-se que os continentes estavam unidos anteriormente. Francis Bacon, em 1620, sugeriu, por exemplo, que a costa leste do continente sul-americano e a costa oeste da África encaixava-se perfeitamente, dando a ideia de que eles haviam se separado em um passado remoto. Uma observação semelhante a essa já havia sido feita por Abraham Ortelius, em 1596.

E o que era desconfiança tornou-se, século depois, uma teoria científica com argumentos e hipóteses previamente elaborados. Nascia, então, oficialmente, a teoria da Deriva Continental, quando o alemão Alfred Wegener a formulou no ano de 1912. No entanto, tratava-se apenas de uma polêmica teoria que ainda não havia encontrado uma comprovação completa, baseando-se apenas em evidências, como a existência de fósseis e grupos de vegetação semelhantes em áreas separadas por oceanos inteiros.

Wegener defendia que, no passado, havia apenas um único continente: Pangeia (termo que significa “toda a Terra”). Com a sua lenta fragmentação, formaram-se então dois grandes continentes: a Laurásia e a Gondwana. Em seguida, novas fragmentações aconteceram e, em alguns casos, uniões de massas continentais também, a exemplo da inserção da área correspondente ao território da Índia que se juntou à Ásia.

Como a teoria da deriva continental explica o surgimento do oceano em destaque no cartograma

A evolução da deriva continental terrestre

Embora fosse uma teoria baseada em muitos estudos e evidências empíricas, a Deriva Continental de Wegener não foi muito aceita em sua época, pois não se concebia uma ideia que explicasse o motivo da movimentação desses continentes, embora houvesse suspeitas de que a camada superficial terrestre estivesse flutuando sobre uma camada líquida quente, que hoje sabemos ser o manto.

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com o desenvolvimento de equipamentos e tecnologias mais avançadas, a exemplo dos sonares, é que se pôde conceber o fato de que a crosta terrestre é apenas uma fina camada superior do planeta que se encontra dividida em várias placas tectônicas, que se movimentam continuamente. Com isso, as suspeitas levantadas no passado e defendidas por Wegener puderam ser finalmente comprovadas.

Vale ressaltar que a formação dos continentes atuais não é o processo “final” da deriva continental, uma vez que eles continuam a movimentar-se, porém em uma velocidade de apenas poucos centímetros ao longo de vários anos. Daqui a alguns milhões de anos, é bem possível que a configuração das terras emersas apresente diferenças em relação ao seu estágio atual.