B) a importância do poderio militar nesse contexto de unificação dos estados alemães.

Assim como a Itália, a Alemanha ao foi outro país europeu que se unificou tardiamente. E, à semelhança do caso italiano, a origem dos conflitos políticos e sociais que tiveram lugar na atual Alemanha ao longo do século 19 pode ser identificada no Congresso de Viena.

Em 1815, após a derrota do imperador francês Napoleão Bonaparte, decidiu-se que o antigo território pertencente ao Sacro Império Romano-Germânico até a expansão napoleônica seria reagrupado sob o nome de Confederação Germânica.

Essa Confederação era composta por quase quarenta estados, entre reinos, ducados e cidades. Dentre eles, os mais importantes eram o reino da Prússia, governada pela dinastia dos Hohenzollern, e o Império da Áustria, governado pela casa de Habsburgos.

A Prússia era o estado mais industrializado da Confederação Germânica - em contraste com a Áustria, cuja economia era marcadamente agrícola - e sua maior potência militar. Sob a influência prussiana foi criada, nos anos 1830, uma política de livre circulação de mercadorias na região. A Zollverein, como era chamada, excluiu a Áustria e teve consequências diretas para o desenvolvimento econômico registrado nas décadas seguintes.

A influência da Primavera dos Povos

Uma primeira tentativa de unificação ocorreu em meados no século 19, por influência da chamada Primavera dos Povos - nome pelo qual são designados os movimentos revolucionários que ocorreram em 1848 por toda a Europa.

Recorde-se que o Congresso de Viena representou o retorno de monarquias centralizadoras em muitos pontos da Europa, como na Áustria. Paralelamente, o processo de industrialização fortalecera a burguesia e, pela crescente exploração da força de trabalho, colocara os operários em difíceis condições de vida. Foi assim, portanto, que camadas sociais tão díspares se uniram para a derrubada das monarquias europeias.

Na Confederação Germânica, movimentos radicalizados exigiram sufrágio universal, a convocação de Assembleia Constituinte, a aprovação de novas cartas magnas e o fim do poder centralizado dos monarcas - quando não o fim da própria monarquia. Tudo isso envolto por um forte sentimento nacionalista e pelo desejo de, no curso daquele processo, unificar todos os estados num só país: a Alemanha.

Mas o impasse político surgido na Prússia e a inflexão da burguesia na Áustria - que, temerosa, mudou de posição, passando a apoiar o rei - deu novo ânimo às monarquias e inviabilizou a unificação.

Bismark e a formação da Alemanha

A partir daí, ocorreram duas mudanças importantes: em primeiro lugar, os esforços para a unificação passaram a vir sobretudo da Prússia, com a exclusão da Áustria; em segundo lugar, em contraste com as tentativas iniciais, esse segundo momento ficou marcado pelas ações a partir do alto, operadas diretamente pelos que ocupavam o aparelho de Estado, e não mais por movimentos sociais que incluíssem os operários e a pequena-burguesia, por exemplo.

Na Prússia, em particular, a burguesia industrial passou a apoiar fortelemente a unificação. Para ela, assim como foi para a burguesia do norte italiano, o apoio a um governo forte era visto como meio de desenvolver mais rapidamente o capitalismo.

Depois de 1862, esse governo forte, na Prússia, foi representado pelo rei Guilherme 1º. Naquele ano, ao assumir o trono, Guilherme 1º nomeou Otto von Bismarck para o cargo de primeiro-ministro. Bismarck entrou para a história como o grande nome da unificação alemã. Todos os seus esforços foram no sentido de criar um só país. Internamente, fez alianças com a burguesia industrial e os grandes proprietários de terra. No exterior, apostou na estratégia do confronto militar. Em 7 anos, foram 3 guerras.

Guerras contra Dinamarca, Áustria e França

Em 1864, Bismarck declarou guerra à Dinamarca, com o apoio do Império da Áustria. A vitória no conflito, conhecido como Guerra dos Ducados, garantiu a esses dois estados a posse dos territórios de Schleswig e Holstein.

Mas, logo em seguida, em razão de divergências quanto à administração dos ducados, Prússia e Áustria iniciaram um novo conflito, conhecido como Guerra Austro-Prussiana.

Embora contasse com o apoio de outros estados da Confederação Germânica, a Áustria perdeu o conflito. De um lado, pesou a falta de apoio internacional ao império austríaco. De outro, a entrada da Itália no conflito, interessada em tomar Veneza da Áustria - o que acabou ocorrendo de fato.

O acordo de paz selado ao final da guerra dissolveu a Confederação, garantiu novos territórios à Prussia e excluiu a Áustria do processo de unificação alemão.

Mas um último e grande conflito encerraria a história da formação da Alemanha: a Guerra Franco-Prussiana. Franceses e alemães há tempos nutriam um clima hostil em suas relações. A expansão prussiana só fez aumentar as tensões políticas na região.

O ápice desse processo aconteceu em 1868, quando o trono espanhol foi oferecido a um membro da casa de Hohenzollern, primo de Guilherme 1º. A França imediatamente se colocou contra, temendo o crescimento da influência prussiana sobre a Europa. Do outro lado, com sua estratégia belicosa, Bismarck ansiava pelo conflito com os franceses, que dificultavam a unificação.

A guerra, declarada por Napoleão 3º, durou de 1870 a 1871. Com o avanço das tropas prussianas sobre o território francês e a captura do imperador, a vitória parecia estar garantida. Mas um governo provisório de resistência, incluindo camadas populares, foi formado em Paris, em setembro de 1870. Ao final, Napoleão 3º capitulou diante da Prússia e, com seu auxílio, reprimiu duramente o breve governo operário constituído na capital francesa, chamado de Comuna de Paris.

A unificação alemã se completou em janeiro de 1871, quando, no Palácio de Versalhes, antiga sede da monarquia francesa, Guilherme 1º foi coroado o primeiro kaiser da Alemanha unificada. O tratado que encerrou a guerra, porém, seria assinado apenas em maio de 1871.

A unificação alemã foi o processo de unificação territorial que levou ao surgimento da Alemanha como Estado-nação, durante a segunda metade do século XIX. Esse processo foi conduzido pelo Reino da Prússia que, nessa época, era liderado pelo rei Guilherme I e pelo primeiro-ministro Otto von Bismarck.

Essa unificação territorial decorreu da modernização da economia e da industrialização da Prússia – que era a mais rica da Confederação Germânica –, como também da modernização do exército prussiano. Por fim, esse processo só foi possível com o enfrentamento das nações vizinhas, o que permitiu aos prussianos conquistar e anexar os territórios que formariam a Alemanha atual.

Alemanha no século XIX

No século XIX, a região que corresponde atualmente ao território alemão era composta por uma série de pequenos reinos e ducados, dos quais muitos estavam sob o domínio do Império Austríaco. Todos esses reinos estavam agrupados no que ficou conhecido como Confederação Germânica, estabelecida em 1815, durante o Congresso de Viena.

A Confederação Germânica, no entanto, não significava unidade territorial para essa região. Além disso, a presença austríaca nessa entidade enfraquecia o poder dos prussianos – os grandes interessados na unificação. Os ideais de unificação fortaleceram-se com o crescimento dos movimentos nacionalistas nessa região, a partir das revoluções de 1848.

As duas potências desses territórios eram o Reino da Prússia e o Império Austríaco. Nesse momento, os prussianos estavam interessados em promover a unificação dessa região e excluir a Áustria dos assuntos germânicos. A Prússia era o reino mais desenvolvido economicamente e mais industrializado e, a partir da coroação de Guilherme I como rei e da nomeação de Otto von Bismarck como primeiro-ministro, conduziu a unificação territorial da Alemanha.

Processo de unificação

Os grandes nomes da unificação alemã foram o rei Guilherme I e Otto von Bismarck, primeiro-ministro prussiano. Outros nomes importantes foram Albrecht von Roon, que liderou junto do rei a modernização do exército prussiano, e Helmuth von Moltke, hábil estrategista que conquistou importantes vitórias para os prussianos em batalhas nesse período.

A política de Otto von Bismarck foi essencial para garantir a unificação alemã, pois fortaleceu o Reino da Prússia e enfraqueceu seus vizinhos austríacos e franceses. Essa alteração na balança de poder foi vital para a unificação alemã, que somente foi possível após a realização de três guerras conduzidas pelos prussianos. Essas guerras foram:

  • Guerra dos Ducados (1864);

  • Guerra Austro-prussiana (1867);

  • Guerra Franco-prussiana (1870-1871).

A vitória dos prussianos nessas três guerras possibilitou a unificação e o surgimento do Império Alemão. Além disso, essa união territorial, conforme mencionado, alterou a balança de poder na Europa e gerou ressentimentos profundos que contribuíram para o início da Primeira Guerra Mundial no começo do século XX.

Guerras de unificação

A unificação alemã iniciou-se, de fato, a partir das ambições prussianas sobre dois ducados controlados pela Dinamarca: Holstein e Schleswig. Esses ducados, então administrados pelos dinamarqueses, perderam a autonomia com o rompimento da Dinamarca de um acordo assinado em 1852. Esse episódio foi utilizado como pretexto para os prussianos atacarem essa região na Guerra dos Ducados.

A invasão de Holstein e de Schleswig aconteceu com o apoio dos austríacos e com a garantia de neutralidade dos franceses. Os dinamarqueses não tiveram condições de derrotar as tropas compostas por prussianos e austríacos e foram derrotados. Com isso, Schleswig ficou com a Prússia e Holstein sob a posse da Áustria.

A ocupação dos dois ex-ducados dinamarqueses acabou resultando em um desentendimento entre austríacos e prussianos, e isso, tempos depois, deu início a um conflito em 1867, conhecido como Guerra Austro-prussiana. Durante essa guerra, os prussianos contaram com o apoio dos italianos, que atacaram os austríacos ao sul, obrigando-os a fragmentarem suas forças.

A vitória dos prussianos sobre as forças austríacas aconteceu de maneira rápida, principalmente porque os austríacos tiveram de dividir suas forças para lutar ao sul contra os italianos. Além disso, a superioridade militar dos prussianos foi fundamental para garantir essa conquista. Os prussianos, vitoriosos, conseguiram conquistar todos os estados germânicos que haviam apoiado os austríacos. Além disso, os austríacos foram expulsos da Confederação Germânica e foram obrigados a indenizar os prussianos.

Por fim, a última etapa da unificação alemã deu-se com um conflito contra os franceses em 1870 e 1871, o qual ficou conhecido como Guerra Franco-prussiana. Essa guerra foi motivada por atritos entre esses dois países por causa de estados germânicos, no sul da Confederação, que ainda não haviam sido ocupados pela Prússia e de um desentendimento em decorrência da sucessão do trono espanhol.

A Guerra Franco-prussiana foi finalizada com uma grande vitória dos prussianos sobre os franceses, que demonstraram ter um exército obsoleto. Com isso, os prussianos impuseram condições humilhantes para os franceses, como o pagamento de pesada indenização, cessão da Alsácia-Lorena e a aceitar a realização de uma marcha do exército prussiano sobre Paris.

Os termos vexatórios impostos pela Prússia tinham como objetivo enfraquecer a França na Europa Continental durante um longo período. O desfecho e a humilhação sofrida na guerra amargaram as relações entre esses dois países e provocaram o surgimento de um movimento revanchista na França, o que contribuiu para a deflagração de uma nova guerra entre essas nações durante a Primeira Guerra Mundial.

Por Daniel Neves
Graduado em História