A artepop desvalorizou a cultura popular

O que é a cultura pop? Será uma cultura essencialmente de cariz popular que desvirtua qualquer cultura considerada erudita? Porque se fala tanto na questão da cultura pop? Que fenómeno é esse?

A artepop desvalorizou a cultura popular

As primeiras impressões da “cultura pop” aparecem durante os anos 60’s com a chamada Pop Art. Quando se fala em pop art vem logo a nossa mente o nome de Andy Warhol, cineasta, pintor e mesmo mentor dos Velvet Underground. Este tipo de arte tentava reproduzir a vida como ela é, reproduzir ícones da comunicação fossem eles caras famosas como Marilyn Monroe ou pacotes de detergentes, que passavam na comunicação social. Era uma arte que comunicava por si só e transmitia uma imagem direta a qualquer espectador.

A artepop desvalorizou a cultura popular
Uma arte que não era dirigida apenas a alguns. Warhol afirmava que todos nós poderíamos ser famosos, aparecer na tv, ter os nossos minutos de fama. As músicas pop falam de amor, guerras, violência, a desejada paz, os sonhos e utopias que vão na nossa mente e têm como alvo todos nos que podemos ouvir, comentar, criticar e ter uma opinião, não só apenas os chamados críticos do “mundo da arte”.

A arte ao alcance de todos. Será isso? Estará a arte a ser desvalorizada como arte? Ou estará o mundo da arte a ser ampliado?

Estará a música pop a passar mensagens a uma nova geração? Jonh Lennon passa a mensagem de uma fraternidade onde não existe religião, materialismo, fronteiras nem guerras entre irmãos. A arte é um vetor fundamental na formação de opiniões, pode incitar a guerras, ao poder, à sexualidade e crenças religiosas. A banda britânica The Who consegue ir mais longe na cultura pop ao popularizar a ópera Rock. Ficaram também famosos ao destruir baterias no final dos concertos o que acabaria por se tornar um cliché nas bandas de Rock. Com “My Generation” conseguem transmitir esses ideais dessa nova arte que surge na década de 60 com hinos sobretudo para os mais jovens para se aceitarem como são e fazerem aquilo que desejam e não o que socialmente aceite como se pode ver na letra”I hope I die before I get old” (“Eu espero morrer antes de envelhecer”). Curioso também o facto de o vocalista ter sido despedido da banda por gaguejar no refrão, voltando a ser readmitido e a parte gaguejada se ter tornado numa marca da banda.

http://www.youtube.com/watch?v=594WLzzb3JI

A artepop desvalorizou a cultura popular

A arte adquire uma forma de comunicação sem restrições. As mensagens a ser transmitidas estão sempre presentes em todos os bens de consumo, particularmente nos produtos destinados aos jovens que são o futuro e ainda estão a formar a sua identidade, exercendo assim grande influência sobre eles. Queremos ser aquilo que idolatramos.

A cultura pop veio no seguimento da chamada contracultura, que foi o rompimento com a noção de cultura que se tinha até a altura. Vários movimentos estudantis de revolta se manifestam no feminismo, no aparecimento dos hippies, punks, perseguindo o Existencialismo de Sartre. O movimento hippie culmina com Woodstock, um grande festival de música Rock no estado de Nova Ioruqe em 1969.

Mesmo nos anos 60 existem 2 fases, uma inicial onde existia a inocência e o lirismo manifestado nas canções dos The Beatles “I want to hold your hand” de uma segunda fase de revolta, experiências com drogas e revolução sexual como se pode traduzir em “A day in the life” da mesma banda.

Já Oscar Wilde dizia “A arte imita a vida ou a vida imita a arte?”

Daniela Pinhel

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Pop é uma expressão que se refere a algo popular, à cultura popular no sentido de cultura de massa. Por exemplo, você já deve ter visto uma banda de música classificada como pop. Ou deve conhecer o termo pop rock.

No mundo globalizado em que vivemos poderíamos citar vários exemplos de manifestações culturais pops: além da música, telenovelas, seriados, boa parte da produção cinematográfica e até mesmo o futebol fazem parte da cultura popular brasileira. Inclusive pelo fato de que tudo, nos dias atuais, passa por um processo de massificação, ou seja, é televisionado, comercializado e exportado.

Pop art ou arte pop foi um movimento, surgido principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra, na década de 1950, que utilizava elementos, figuras e a própria estética popular em seus trabalhos, de maneira a fazer uma crítica direta e irônica da sociedade consumista que se formava naquela época, especialmente com a popularização da televisão.

A artepop desvalorizou a cultura popular
Andy Warhol, Marilyn.

A crítica atingia as celebridades, e com a facilidade de reproduzir imagens, essas celebridades acabavam se tornando pops. Um exemplo disso é a ilustração acima, uma das séries que Andy Warhol fez com a imagem de Marilyn Monroe, ícone do cinema. Assim como esta, ele reproduziu as imagens da Monalisa (de Da Vinci), de Che Guevara, de John Lennon, entre outros, tratando todos como celebridades, não importando se eram ícones da arte, da política ou da música, se eram reais ou imaginários. O que eles tinham em comum? Eram imagens largamente divulgadas, massificadas e consumidas.

A técnica utilizada nessas séries de Warhol é a serigrafia, a mesma utilizada para estampar camisetas, ou seja, algo muito próximo da vida cotidiana. Com isso, os artistas pop também demonstravam sua recusa em separar a arte da vida. Ou seja, por meio dos temas ou da linguagem, incorporaram à arte o cinema, a televisão, a publicidade e as histórias em quadrinhos (HQs).

Isso acontece, por exemplo, em algumas obras de Roy Lichtenstein, que incorporou a seu trabalho a estética das artes gráficas:

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Pop art de Lichtenstein.

Observe a semelhança com as imagens das HQs, tanto na expressão do rosto como na figura formada por pontos, tal qual as imagens gráficas - o que na era digital chamamos de pixel.

No Brasil, a pop art influenciou diversos artistas, dentre os quais podemos citar Cláudio Tozzi, Rubens Gerchman, Marcelo Nitsche, entre outros.

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Rubens Gerchman, Superhomens, 1965.

O lugar da arte sempre foi um tema extensamente debatido entre críticos, apreciadores, pesquisadores e os próprios artistas. Durante um bom tempo, o mundo da arte foi pensado como uma esfera autônoma, regida por seus próprios códigos e fruto de uma criatividade centrada na individualidade do artista. Contudo, principalmente a partir do século XX, notamos que essa separação entre a arte e o mundo veio perdendo força na medida em que movimentos diversos buscaram quebrar tais limites.

Na década de 1950, observamos a formulação de um movimento chamado de “pop art”. Essa expressão, oriunda do inglês, significa “arte popular”. Ao contrário do que parece, essa arte popular que define tal movimento não tem nada a ver com uma arte produzida pelas camadas populares ou com as noções folcloristas de arte. O “pop art” enquanto movimento abraça as diversas manifestações da cultura de massa, da cultura feita para as multidões e produzida pelos grandes veículos de comunicação.

Ao envolver elementos gerados pela sociedade industrial, a “pop art” realiza um duplo movimento capaz de nos revelar a riqueza de sua própria existência. Por um lado, ela expõe traços de uma sociedade marcada pela industrialização, pela repetição e a criação de ícones instantâneos. Por outro, questiona os limites do fazer artístico ao evitar um pensamento autonomista e abranger os fenômenos de seu tempo para então conceber suas criações próprias.

O movimento “pop art” apareceu em um momento histórico marcado pelo reerguimento das grandes sociedades industriais outrora afetadas pelos efeitos da Segunda Guerra Mundial. Dessa forma, adotou os grandes centros urbanos norte-americanos e britânicos como o ambiente para que seus primeiros representantes tomassem de inspiração para criar as suas obras. Peças publicitárias, imagens de celebridades, logomarcas e quadrinhos são algumas dessas inspirações.

Os integrantes da “pop art” conseguiram chamar a atenção do grande público ao se inspirar por elementos que em tese não eram reconhecidos como arte, ao levar em conta que o consumo era marca vigente desses tempos. Grandes estrelas do cinema, revistas em quadrinhos, automóveis modernos, aparelhos eletrônicos ou produtos enlatados foram desconstruídos para que as impressões e ideias desses artistas assinalassem o poder de reprodução e a efemeridade daquilo que é oferecido pela era industrial.

Entre outros representantes desse movimento, podemos destacar a figura de Andy Warhol, conhecido pelas múltiplas versões multicoloridas de “Marilyn Monroe”, produzida no ano de 1967. Outro exemplo de “pop art” pode ser reconhecido na obra “No Carro”, em que Roy Lichenstein utiliza a linguagem dos quadrinhos para explorar situações urbanas. Ainda hoje, diversos artistas empregam as referências da “pop art” para conceber quadros, esculturas e outras instalações.

Por Rainer Sousa
Mestre em História